16 de novembro de 2024 às 09:18 - Atualizado às 09:50
Cristiano Zanin e Flávio Dino. Foto: Nelson Jr./SCO/STF
Os ministros Cristiano Zanin e Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), votaram na sexta-feira, 15 de novembro, para rejeitar um recurso que busca a retirada de símbolos religiosos, como crucifixos, de órgãos públicos.
Para Zanin, relator do caso, a presença de símbolos religiosos em prédios públicos não fere as normas constitucionais, desde que represente a tradição cultural brasileira. Flávio Dino acompanhou essa visão, reforçando a influência histórica do cristianismo no Brasil.
"Não constrange o crente a renunciar à sua fé; não retira a sua faculdade de autodeterminação e percepção mítico-simbólica; nem fere a sua liberdade de ter, não ter ou deixar de ter uma religião", diz o ministro.
Zanin argumentou que a exibição de símbolos religiosos não compromete a imparcialidade do Estado nem viola direitos individuais, como a liberdade religiosa. Ele destacou que esses itens fazem parte da herança cultural e histórica do país.
“No início de meu voto, demonstrei como o Cristianismo — até então liderado pela Igreja Católica — esteve presente na formação da sociedade brasileira, registrando a presença jesuítica desde o episódio do descobrimento e, a partir daí, atuando na formação educacional e moral do povo que surgia. Não fossem apenas os crucifixos, não há como desconsiderar as dezenas de dias consagrados — diversos deles com decretação de feriado —, a nomenclatura de ruas, praças, avenidas e outros logradouros públicos, escolas públicas, estados brasileiros, que revelam a força de uma tradição que, antes de segregar, compõe a rica história brasileira", afirmou.
Flávio Dino, por sua vez, enfatizou que a Constituição valoriza a dimensão religiosa do ser humano como reflexo da influência histórica do cristianismo, especialmente do catolicismo. Dino também citou exemplos do legado religioso, como os nomes de estados e municípios.
“Com nomes de Santas e Santos, são 586 Municípios, aproximadamente. Tais denominações são parte da construção de nossa identidade nacional. O descanso semanal remunerado, prática consolidada na legislação trabalhista e na rotina dos brasileiros, é mais uma herança da tradição judaico-cristã que foi incorporada à nossa cultura e que beneficia a organização da vida social, sem impor ou discriminar qualquer religião”, disse Dino.
A discussão sobre a exibição de símbolos religiosos em órgãos públicos chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF) por meio de um recurso do Ministério Público Federal (MPF). O caso questiona se a presença desses itens viola o princípio do Estado laico, mas já conta com votos contrários à retirada dos símbolos pelos ministros Cristiano Zanin e Flávio Dino.
O MPF acionou inicialmente a Justiça Federal em São Paulo contra a presença de símbolos religiosos em repartições públicas do estado. No entanto, o pedido foi negado em duas instâncias do Judiciário. A questão chegou ao STF com repercussão geral, ou seja, sua decisão terá impacto em todo o país.
No STF, a Procuradoria-Geral da República (PGR) manifestou-se contra o recurso do MPF. O órgão defendeu que os símbolos religiosos:
1
2
3
4
13:53, 15 Mar
30
°c
Fonte: OpenWeather
O grupo não especificou imediatamente quando as libertações acontecerão nem o que espera receber em troca.
Segundo a procuradoria, os argumentos dos advogados do ex-presidente não apresentam critérios para retirar os ministros do caso.
A ideia, que busca beneficiar Bolsonaro e aliados, esteve entre os assuntos abordados pelos líderes do partido durante uma reunião na última quinta-feira, 13 de março.
mais notícias
+