O Supremo Tribunal Federal (STF) iniciou na terça-feira, 4 de junho, um julgamento que pode estabelecer um precedente para casos em que, durante uma discussão política, haja menção a um adversário como “nazista” ou “fascista”.

A Primeira Turma da Corte está debatendo a aceitação de uma denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) que implica o deputado federal José Nelto (PP-GO).

Em junho de 2023, Nelto disse em entrevista que o deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) era “fascista”, “nazista”, “idiota” e que tinha ido a Brasília para “bater em uma enfermeira”.

Continua após a publicidade:

📲 Entre no nosso grupo de WhatsApp e receba as notícias do Portal de Prefeitura no seu celular

Gayer protocolou uma queixa-crime contra Nelto, que acabou denunciado pela PGR. Segundo o Ministério Público, a fala do deputado “ultrapassou os limites da liberdade de expressão e os contornos da imunidade parlamentar”.

Ministros discordam sobre crime de calúnia

No STF, a relatora do caso é a ministra Cármen Lúcia, que votou pelo recebimento da denúncia, configurados os crimes de calúnia e injúria.

Flávio Dino, por outro lado, votou pela procedência da queixa, mas apenas pelo crime de calúnia, expresso na menção de agressão a uma enfermeira.

Para o ex-ministro da Justiça, a qualificação de um adversário como “nazista” ou “fascista” se enquadra em “um certo debate político”, que está resguardado pela imunidade parlamentar.

Continua após a publicidade:

‘Carga histórica’

Cármen Lúcia, em réplica a Dino, mencionou que, no momento de recebimento da denúncia, são exigidos indícios mínimos para a ocorrência de uma conduta criminosa, o que estaria configurado pela “carga histórica” do termo “nazista”.

Do contrário, argumentou a ministra, poderia haver a sinalização de que o uso do termo é inconsequente, o que traria impactos ao debate político, sobretudo em ano de eleições municipais.

Continua após a publicidade:

Na sequência, o ministro Alexandre de Moraes pediu vista, interrompendo o julgamento da petição.

Estadão Conteúdo