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Artigo: O humano está sendo escravizado pelo seu próprio cérebro - Por Edinázio Vieira

"O cérebro comanda as nossas ações, isso todos sabem. Entretanto, não somos seres irracionais e divergimos dos animais biologicamente em vários pontos", escreve o colunista.

11 de fevereiro de 2025 às 18:00   - Atualizado às 18:17

Colunista.

Colunista. Foto: Arte/Portal de Prefeitura

O cérebro comanda as nossas ações, isso todos sabem. Entretanto, não somos seres irracionais e divergimos dos animais biologicamente em vários pontos.  

A linguagem e a interpretação são características ímpares, que contribuem para as relações interpessoais e o avanço da civilização. Sem essas ferramentas, possivelmente estaríamos em cima das árvores. Sem seguir totalmente as teorias de Darwin, percebo que o processo evolutivo das espécies tem amparo na ciência.  

Os bilhões de neurônios que fazem sinapses no nosso cérebro divergem numericamente dos neurônios de animais e insetos. O tamanho do cérebro, sua estrutura e forma, bem como o córtex pré-frontal, podem ser observados através de imagens, onde seu desenho é diferente do de outros seres.  

Empatia, compaixão, intuição e inteligência são atributos que pertencem somente aos humanos.  

Então, somos uma máquina biológica?  

Não. Apesar de a ciência apontar nessa direção, a pré-história foi carregada de misticismo e dotada de interrogações e questionamentos sobre aquilo que surgia e sobre o próprio universo. Os fenômenos atravessaram a Idade Média como marca divina e, assim, o cérebro humano evoluiu, sendo bombardeado pelo barulho externo, naquilo que viu, ouviu e nos estímulos que chegaram a ele de várias formas. Esse cérebro resolveu ter a "maioridade", resolveu ser independente. Vejamos?  

As atividades impostas pela civilização foram estimulando e impulsionando o cérebro, tornando-o compulsivo. É comum as pessoas agirem no automático, pois a rotina já engessa: horário para acordar, comer, fazer sexo, estudar e trabalhar. O cérebro é um computador que segue padrões, o que transformou o humano numa persona, uma caricatura onde os desejos são sublimados. Nessa composição, todo o cérebro, inclusive o sistema límbico, passa a ter funções no piloto automático.  

O psicanalista Ivan Capelatto desnuda o desejo quando exibe sua formação, desviando-se do desejo do outro e valorizando as nossas pulsões. Até onde somos nós mesmos? Não estamos influenciados pelo quintal do vizinho visto pela vidraça das redes sociais? Não estamos construindo a mulher ideal ao perceber o visual da cantora Anitta, mesmo sabendo que essa aparência é plastificada? Ou tomando da água cultural da inteligência artificial e desprezando o poço do saber?  

A verdade é que não consigo enxergar, pois as minhas lupas são cegas. A unicidade é coisa do medievalismo, onde a Igreja era torre de vigia.  

Nesse momento, o ideal é deixar a roda para a dança, mudar a música e olhar no espelho da vida. Criamos um cérebro que, caprichosamente, se vendeu à civilização.  

António Damásio tenta desvendar a consciência em sua obra O Mistério da Consciência. O diálogo seria a viagem até o âmago, a essência, a profundidade do "eu". Contudo, há uma fuga de si mesmo e, nesse universo, somos escravizados pelo cérebro, que faz tudo induzido pela mente contaminada, sem nenhuma independência. Então, agonizantes, idealizamos uma felicidade fictícia, uma miragem da beleza, um rango industrializado e um sono maquinado por uma "droga" qualquer. Tudo o que foi colocado à "mesa" da vida, saboreamos e fomos construídos nisso que denominamos gente.  

Muito distantes do amor, da sensibilidade, da empatia, do gozo de viver, assim foi constituído um novo cérebro, que foi idealizado para servir, mas resolveu reinar no mundo do humano.

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