O bispo de Bentiu, Christian Carlassare, com algumas crianças sul-sudanesas Foto: Divulgação
Em El Fasher, no coração de Darfur, o chão treme não pelos bombardeios, mas pelos gritos dos que são enterrados vivos. O Sudão mergulhou em um colapso humanitário e religioso que já é descrito por organizações internacionais como um genocídio em andamento. O conflito, liderado pelas milícias da Rapid Support Forces (RSF), herdeiras dos Janjaweed, revive os horrores da década de 2000, quando o mundo jurou que “nunca mais” permitiria uma tragédia semelhante em solo africano.
As RSF, movidas por ideologias islamistas radicais e alimentadas pelo comércio ilegal de ouro, transformaram Darfur em um campo de extermínio. Vilas inteiras são arrasadas, corpos desaparecem em valas comuns, mulheres são caçadas e violentadas, e crianças morrem de fome e sede após meses de cerco militar. Testemunhas relatam execuções em massa e civis enterrados vivos uma tática usada para espalhar o terror e o domínio político das milícias.
Segundo a ONU, mais de 10 milhões de pessoas já foram forçadas a deixar suas casas desde o início da guerra civil, em abril de 2023. O conflito opõe o Exército Sudanês, comandado por Abdel Fattah al-Burhan, e as Forças de Apoio Rápido (RSF), lideradas por Mohamed Hamdan Dagalo (Hemeti). O que começou como uma disputa de poder em Cartum rapidamente se transformou em uma guerra étnico-religiosa que atinge principalmente as populações não árabes de Darfur.
Especialistas afirmam que o genocídio no Sudão é impulsionado por interesses econômicos e ideológicos. O ouro extraído de áreas controladas pelas milícias financia as operações e sustenta redes de apoio que incluem países e grupos do Oriente Médio. Enquanto isso, o bloqueio humanitário impede a chegada de alimentos e medicamentos, deixando comunidades inteiras à beira da extinção.
Apesar das denúncias, a resposta internacional permanece tímida. O Conselho de Segurança da ONU não conseguiu aprovar ações efetivas, e as principais potências ocidentais limitam-se a notas de repúdio. Organizações humanitárias denunciam que o silêncio global é uma forma de cumplicidade o “genocídio esquecido” de Darfur se repete, agora sob o olhar indiferente do mundo.
Imagens recentes mostram hospitais incendiados, aldeias devastadas e crianças agonizando pela fome. Em muitas regiões, jornalistas e equipes médicas são impedidos de entrar. A ausência de comunicação e o medo de retaliação dificultam a documentação completa dos crimes, o que reforça a impunidade e o apagamento das vítimas.
O genocídio no Sudão é mais do que uma tragédia local é um colapso moral da comunidade internacional. Assim como em Ruanda e na Síria, o silêncio se tornou arma. Cada dia de omissão significa mais vidas perdidas e mais inocentes soterrados pela violência.
Enquanto o ouro e o fanatismo alimentam a guerra, a humanidade parece ter esquecido Darfur. E, no deserto do Sudão, os gritos dos enterrados vivos ecoam como o lembrete de um horror que o mundo — mais uma vez — decidiu ignorar.
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