02 de janeiro de 2025 às 14:21 - Atualizado às 14:26
Colunista. Foto: Arte/Portal de Prefeitura
Nesta década, cultuamos o corpo e buscamos a academia como prioridade. O personal trainer teve uma procura nunca antes vista.
Após a pandemia, houve uma ruptura na estrutura psíquica. Contudo, todos os estudos até hoje conhecidos são voltados para a área orgânica, seja na neurologia, psiquiatria ou neurociência. Buscamos o que as lentes do microscópio e as imagens de ressonância magnética enxergam. Entretanto, a formação psíquica surge na fecundação da gravidez, sem produzir imagens, e se desenvolve ao longo da vida.
Segundo a psicanalista Jacqueline Rose, na obra "A Peste: Viver e Morrer no Nosso Tempo":
"A pandemia da Covid-19 criou uma cisão entre os que a viveram. E essa cisão vai se aprofundar."
Outras pestes deixaram suas marcas e influenciaram comportamentos, mas, além da contaminação, o distanciamento causou uma explosão de sentimentos, uma espécie de "vômito amargo". A junção de grupos homogêneos e heterogêneos desencadeou um gatilho primário com reações animalescas pela sobrevivência do "eu". Nesse sentido, o egoísmo e a força prevaleceram. Toda pulsão e desejo predominante foram extravasados em um mesmo universo, e o desnudamento familiar ocorreu, contrariando o mascaramento social que se vivia.
Pós-pandemia, vivemos em um mundo de "espelho trincado", onde a imagem é distorcida. Então, busca-se a magia da descoberta do "eu". Quem sou eu? Vão à academia para buscar o corpo perfeito, à farmácia em busca de Ozempic para perder peso, Venvanse para TDAH, estimulantes para não dormir e outras drogas para dormir.
O que vem por aí? Personal trainers serão trocados por terapeutas. Os coaches já estão em moda. Parece que a Idade Média encontrou caminhos e pousou em pleno século XXI, pois feiticeiros e profetas estão em alta, apenas com outros títulos. Pasmem: os nossos oráculos são as redes sociais. Estamos sempre conectados a aparelhos eletrônicos, rindo e falando ao vento, e a solidão passou a ser o refúgio de cada pessoa.
A geração perdeu a humanidade e a intelectualidade. Estamos em uma "nave espacial" voando para um suposto planeta imaginário, guiados por nossos pensamentos. Quando deixamos de entender o que pensamos, estamos à deriva.
O maior perigo desta geração é a liberdade, pois se perdeu a ideia disso. Fazemos tudo que alguém projetou ou pensou. Bem-vindo à geração de "piolhos", pois vivemos pela cabeça de outros.
Tudo que ocorre ao nosso redor é absorvido. Alguns fragmentos nos lembramos por meio da memória, seja de curto ou longo prazo. Contudo, a maioria das informações vai para o inconsciente. Essas informações, quando desajustadas, "grudam" e formam crostas que conduzem o sujeito a prisões psíquicas.
Então, qual é a diferença entre o psicológico, o cognitivo e as reações automáticas e "intuitivas"?
Existe remédio para o psiquismo? Qual o tratamento? Hoje, busca-se "apagar incêndios", reduzir os surtos psicóticos e tratar os transtornos mentais. Enxugamos apenas "gelo". Vem aí a geração robótica. Os zumbis estão entre nós.
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Fonte: OpenWeather
O colunista é mestre em gestão, professor e consultor empresarial.
"O vazio cultural, intelectual e espiritual é resultado das políticas fundamentalistas aplicadas pela extrema-direita no Brasil. O conservadorismo, de fato, perpetuou o atraso", escreve colunista.
O colunista é mestre em gestão, professor e consultor empresarial.
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