30 de agosto de 2024 às 10:21 - Atualizado às 11:49
Pablo Marçal deu procuração para RÉU acusado de ser MEMBRO de MEGATRAFICANTE para representá-lo. Arte montagem: Portal de Prefeitura.
O candidato a prefeito de São Paulo, o ex-coach Pablo Marçal (PRTB), está sendo alvo de críticas após conceder poderes para o empresário Florindo Miranda Ciorlin, acusado de ser membro de uma organização criminosa de megatraficante, representá-lo ao órgãos do governo federal, segundo documentos obtidos pelo Metrópoles.
O homem é acusado pelo Ministério Público Federal (MPF) de envolvimento da aquisição de aeronaves, e também de ocultação das mesmas para traficantes que transportaram, no mínimo, 5,1 toneladas de cocaína da Bolívia para o Brasil. Na data que a procuração foi assinada pelo candidato, 28 de outubro de 2021, Florindo já havia sido preso pela Polícia Federal (PF) e já havia se tornado réu na 1ª Vara Federal Cível e Criminal de Cáceres (MT).
Após ter sido relevado uma ligação entre os dois, Marçal alegou que seu contato com o suspeito é "estritamente profissional" e que "não tem amor por bandido".
Além de Pablo, assina a procuração Marcos Paulo de Oliveira, sócio do candidato na Aviation Participações LTDA. Oficialmente, o documento constitui como procuradora a Preflight Serviços Aeronáuticos LTDA – empresa especializada em assessoria de compra de aeronaves que pertence a Florindo e a seu irmão Ewerton Miranda Ciorlin – para representar a Aviation Participações em duas agências do governo federal: a Anac, que regula o mercado aéreo, e a Anatel, de telecomunicações.
A procuração transfere poderes para Florindo realizar todos “os atos que se fizerem necessários, para a obtenção de documentos pertinentes à aeronave de prefixo PR-FAC […], podendo assinar documentos e praticar todos os atos necessários ao bom e fiel cumprimento do presente mandato”. Funciona quase como uma “carta branca”.
A referida aeronave de prefixo PR-FAC pertence a Marçal. Trata-se de um Cessna Aircraft, modelo 510 e ano 2008. O jatinho foi comprado pelo ex-coach em outubro de 2021 por R$ 9,13 milhões, segundo documentos obtidos pela coluna. Após a aquisição, o ex-coach mandou imprimir a bandeira do Brasil na cauda do avião.
A aeronave foi usada por Pablo Marçal durante a campanha dele em 2022. Na ocasião, o ex-coach iniciou uma disputa pela Presidência da República, mas seu então partido, o Pros, retirou a candidatura para apoiar Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No mesmo pleito, Marçal concorreu a deputado federal por São Paulo; contudo, apesar de ter conquistado votos suficientes para ser eleito, teve o registro negado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
A operação em 2021 desmontou a organização criminosa liderada pelo megatraficante Ary Flávio Swenson Hernandes, suspeito de traficar mais de 5 toneladas de drogas.
A investigação da Polícia Federal identificou que Florindo atuou em favor da organização criminosa adquirindo e regularizando aeronaves usadas no tráfico. O empresário chegou a utilizar documentos falsos e laranjas com o objetivo de ocultar o verdadeiro dono dos jatinhos. Além disso, Florindo deu aulas para pilotos do grupo criminoso e chegou a manifestar interesse em ir à Bolívia para conhecer Ary Flávio Hernandes pessoalmente.
O relatório da Polícia Federal cita ainda que Florindo conversava em códigos com membros da organização criminosa, entre eles, Eliseu Hernandes, pai do megatraficante. Mensagens interceptadas pelos investigadores mostram extenso diálogos entre os dois.
No âmbito do processo, a defesa de Florindo alegou que o empresário estava apenas fazendo seu trabalho de forma legal. Florindo afirmou que sua empresa, a Preflight, é reconhecida nacionalmente e que precisa se relacionar diretamente com seus clientes.
Para a defesa, a denúncia do MPF se pautou exclusivamente em “achismos e convicções”. “A conclusão do órgão acusador é tomada com base apenas em suposições e achismos pinçados de conversas entre qualquer vendedor que busca prestar um bom serviço e atender as necessidades do comprador, que especifica as próprias necessidades”, assinalaram os advogados Henrique Tremura Lopes, Luciano Macri Neto e Augusto Cunha Junior.
Florindo alegou, ainda, que as transações das aeronaves para o grupo criminoso foram realizadas dentro de “padrões internacionais de cuidado” e afirmou que as interceptações telefônicas feitas pela Polícia Federal foram ilegais.
Dois antigos aliados do PRTB, são investigados pela suspeita de que ambos trocavam carros de luxo por cocaína, num esquema criminoso coordenado pelo Primeiro Comando da Capital (PCC).
A investigação, revelada pelo jornal O Estado de S.Paulo, tem como alvos Tarcísio Escobar de Almeida, ex-presidente estadual do PRTB, e Júlio César Pereira, conhecido como Gordão, seu sócio.
De acordo com a polícia, tanto Tarcísio quanto Júlio César são homens de confiança de Leonardo Alves Araújo, o Leonardo Avalanche, presidente nacional do PRTB e fiador da candidatura de Marçal.
Da redação do Portal de Prefeitura com informações do Metrópoles
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