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"Tem que sofrer mesmo", diz bombeiro sobre estudante de medicina morto por PM's

Marco Aurélio morreu horas depois de ser baleado com um tiro à queima-roupa dentro de um hotel, após uma abordagem.

Redação

16 de outubro de 2025 às 23:01   - Atualizado às 23:02

Marco Aurélio Cardenas Acosta, esudante de Medicina.

Marco Aurélio Cardenas Acosta, esudante de Medicina. Foto: Divulgação

A morte do estudante de medicina Marco Aurélio Cardenas Acosta, de 22 anos, ganhou novos desdobramentos após a divulgação da ficha médica de atendimento, que revelou uma grave falha no socorro.

O documento mostra que o jovem foi levado ao Hospital Ipiranga, na zona sul de São Paulo, mesmo com a emergência interditada por superlotação e sem tomógrafo disponível há uma semana.

O caso ocorreu em 20 de novembro de 2024, no bairro Vila Mariana, e envolveu os policiais militares Guilherme Augusto Macedo e Bruno Carvalho do Prado, já indiciados por homicídio qualificado. Marco Aurélio morreu horas depois de ser baleado com um tiro à queima-roupa dentro de um hotel na Rua Cubatão, após uma abordagem que gerou intensa repercussão.

De acordo com a ficha médica, com 13 páginas, o Núcleo Interno de Regulação (NIR) havia comunicado a todas as equipes de emergência que o hospital estava com a capacidade esgotada e o tomógrafo inoperante. Ainda assim, o estudante foi levado ao local. O documento ressalta que “a equipe de bombeiros trouxe [a vítima] mesmo sabendo da superlotação e ausência de tomógrafo”.

Marco Aurélio chegou ao hospital em estado grave. Antes de ser levado à cirurgia, sofreu duas paradas cardiorrespiratórias e não resistiu. O pai do estudante questionou a decisão dos socorristas.

“Esse hospital que levaram era mais longe. Tinha o Hospital do Servidor Estadual, que meu filho, por ser filho de servidor, podia ser atendido; o Hospital das Clínicas, a oito minutos; e o Hospital do Servidor Público Municipal na Vergueiro. Tinha um monte de hospitais, mas mandaram longe, para um hospital sem tomografia”, afirmou o pai.

O Hospital Ipiranga fica a cerca de cinco quilômetros do local do disparo. Em contrapartida, havia outros pronto-socorros mais próximos, como o Hospital Santa Rita, a menos de 30 metros do hotel onde ocorreu o tiro.

Bodycam

A câmera corporal de um policial militar registrou cenas inéditas do socorro ao estudante de medicina. Os bombeiros aparecem tentando socorrer o jovem ainda na entrada do hospital. Um dos socorristas chega a introduzir o dedo na ferida aberta na tentativa de localizar o projétil.

Logo depois, Marco Aurélio é levado para o centro cirúrgico. O policial responsável pela ocorrência acompanha dois bombeiros até a porta da sala, mas é impedido de entrar. . Um dos socorristas responde: “Agora ele vai para a cirurgia e está na mão dos médicos”.

Em seguida, o mesmo bombeiro completa: “Mas eles falaram que estão sem tomografia, não tem como localizar [o projétil]. Vai ser na mão mesmo”.

O registro em vídeo também mostra um momento de deboche. Enquanto deixavam o centro cirúrgico, um bombeiro comenta: “Tem que sofrer mesmo, pô”, e o colega sorri diante da frase. Logo em seguida, o autor do comentário parece perguntar se a bodycam do policial estava desligada, em uma tentativa de evitar que a fala fosse registrada.

O que diz a SSP?

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública informou que “o atendimento à vítima foi realizado respeitando integralmente os protocolos de emergência”, sem comentar as contradições apontadas na ficha médica.

Confira nota na íntegra

"A Polícia Militar esclarece que os diálogos descritos não representam o posicionamento institucional do Corpo de Bombeiros, tampouco condizem com as diretrizes e protocolos adotados pela Instituição.

Os fatos relacionados à morte do estudante foram rigorosamente investigados pelas polícias Civil e Militar. As imagens registradas pelas câmeras operacionais portáteis (COPs) foram anexadas aos procedimentos conduzidos pela Corregedoria da PM e pelo Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP). O policial militar envolvido foi indiciado por homicídio doloso no Inquérito Policial Militar (IPM) e permanece, desde o ocorrido, afastado de suas atividades operacionais. A Instituição aguarda a conclusão do processo criminal e a manifestação do Poder Judiciário.

Importante destacar que o atendimento à vítima foi realizado respeitando integralmente os protocolos de emergência. O jovem foi encaminhado prontamente ao Hospital Ipiranga, após contato com o médico regulador que atua no Copom. Esse profissional acompanha, em tempo real, a disponibilidade hospitalar, incluindo leitos, equipamentos e especialidades médicas, garantindo que a vítima seja levada ao local mais adequado para o atendimento."

Entenda o caso

Marco Aurélio, aluno do 5º ano de medicina, foi baleado dentro de um hotel depois de um desentendimento com policiais militares. Segundo as investigações, ele teria dado um tapa no retrovisor da viatura, aparentando estar alterado, e correu em direção ao hotel onde estava hospedado.

Os PMs o seguiram até o saguão. Durante a abordagem, houve luta corporal, e o jovem caiu no pé de um dos agentes. Nesse momento, o policial sacou a arma e disparou à queima-roupa, atingindo o abdômen da vítima.

O estudante chegou a ser socorrido pelos bombeiros, mas morreu no hospital poucas horas depois.

O Ministério Público de São Paulo (MPSP) denunciou os dois policiais por homicídio qualificado, com os agravantes de motivo torpe e impossibilidade de defesa da vítima. Um deles responde como autor do disparo, e o outro, como cúmplice. O órgão também pediu a prisão preventiva de um dos envolvidos.

Os dois agentes foram afastados das atividades operacionais enquanto o caso segue sob análise judicial. A Corregedoria da Polícia Militar acompanha o inquérito, que apura se houve excesso de força e falhas no protocolo de abordagem.

A morte de Marco Aurélio causou grande comoção entre familiares, amigos e estudantes de medicina. Nas redes sociais, colegas da faculdade prestaram homenagens e pediram justiça. O caso reacende o debate sobre o uso da força policial e as condições do atendimento médico emergencial em São Paulo.

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