Jovem presa injustamente por seis anos no RS morre de câncer dois meses após ser absolvida. Créditos: Reprodução/Redes Sociais
Damaris Vitória Kremer da Rosa, de 26 anos, foi absolvida pelo Tribunal do Júri de Salto do Jacuí (RS) em agosto de 2025, após passar seis anos presa preventivamente por um crime do qual foi inocentada. Dois meses depois, em 26 de outubro, ela faleceu vítima de câncer de colo do útero, diagnosticado em estágio avançado durante o período em que estava encarcerada. O caso reacende o debate sobre a saúde de presos e o funcionamento do sistema prisional brasileiro.
Damaris foi presa em agosto de 2019, acusada de envolvimento no homicídio de Daniel Gomes Soveral, ocorrido em Salto do Jacuí. A defesa sustentou que ela apenas relatou ao então namorado que havia sido estuprada pela vítima, e que o crime foi cometido por retaliação. Durante o período de prisão, Damaris enfrentou dores intensas e sangramentos, sintomas que indicavam o avanço do câncer. No entanto, a Justiça negou três pedidos de revogação da prisão, alegando que os documentos médicos apresentados eram apenas receituários, sem exames ou diagnósticos conclusivos.
Apenas em março de 2025, após exames confirmarem o diagnóstico de câncer em estágio avançado, a prisão foi convertida em domiciliar, com uso de tornozeleira eletrônica. Damaris iniciou tratamento oncológico em abril, mas já estava em fase terminal da doença. A Justiça autorizou seu deslocamento para hospitais, mas a tornozeleira permaneceu mesmo durante sessões de quimioterapia e radioterapia.
O caso foi a julgamento apenas em agosto de 2025. O Conselho de Sentença absolveu Damaris das acusações por falta de provas. Ela foi considerada inocente, mas não resistiu às complicações do câncer e faleceu 74 dias após a absolvição.
A mãe de Damaris, Claudete Kremer Sott, relatou à imprensa que a filha “se mordia de dor” dentro da prisão. Segundo ela, as condições eram degradantes, com falta de atendimento médico adequado e ambientes insalubres. “Presas diziam que estavam morrendo de dor, iam lá pedir medicamento e repassavam para ela, porque não aguentavam ver ela gritando de dor e não davam um paracetamol para tomar”, contou Claudete.
A Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) informou que Damaris recebeu 326 atendimentos técnicos durante o período de custódia, incluindo 59 atendimentos médicos, 51 de enfermagem, 67 de serviço social e 56 psicológicos. Ainda assim, a família contesta a eficácia do atendimento e a demora para reconhecer a gravidade da doença.
O caso de Damaris reacende o debate sobre o direito à saúde de pessoas privadas de liberdade e a necessidade de reformas no sistema prisional brasileiro. O relato da família e das autoridades mostra a urgência de garantir acesso a diagnósticos e tratamentos adequados para presos, especialmente em casos de doenças graves.
| Evento | Data |
|---|---|
| Prisão preventiva | 08/08/2019 |
| Primeiro pedido de liberdade negado | 2023 |
| Segundo pedido de liberdade negado | Novembro/2024 |
| Diagnóstico de câncer avançado | Março/2025 |
| Prisão domiciliar com tornozeleira | Março/2025 |
| Início do tratamento oncológico | Abril/2025 |
| Absolvição pelo júri | 13/08/2025 |
| Falecimento | 26/10/2025 |
Especialistas em direitos humanos e saúde pública afirmam que o caso de Damaris é um exemplo extremo das falhas do sistema prisional brasileiro. “A falta de acesso a diagnósticos e tratamentos adequados pode ser fatal para presos, especialmente em casos de doenças graves como o câncer”, afirma uma médica especialista em saúde pública.
Apesar do sofrimento, Damaris sonhava em retomar a vida após a absolvição. Queria cursar Biomedicina e realizar seus projetos. “Ela disse: ‘Mãe, eu não vou desistir. Eu quero realizar meus sonhos, meus projetos’”, relata Claudete. O legado de Damaris é um alerta para a necessidade de garantir direitos básicos a todos, mesmo dentro do sistema prisional.
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