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ARTIGO: Como fugir da loucura num mundo dos doidos - Por Edinázio Vieira

"Na linha freudiana, sabemos que nosso conhecimento é limitado, enquanto o inconsciente está em índices elevados", escreve colunista.

26 de novembro de 2024 às 16:44   - Atualizado às 17:55

Colunista Edinázio Vieira.

Colunista Edinázio Vieira. Foto: Arte/Portal de Prefeitura

A modernidade marca, todos os dias, as pessoas com o estigma de "loucas". É comum qualquer ser humano diagnosticar o outro como tal. Basta alguém sair do padrão convencional que logo lhe é imposto esse título, e os "psiquiatras" de plantão, prontamente, fazem o diagnóstico: "ele é doido". Abandonar o emprego por qualquer motivo, deixar a faculdade ou a separação de um casamento de anos são atitudes que, de acordo com a "métrica" da sociedade da loucura, são suficientes para classificar alguém como fora de controle.

Mas como fugir dessa conceituação? A resposta parece estar no autoconhecimento e na percepção de que o ser humano possui consciência e, mais importante ainda, autocontrole.

Na linha freudiana, sabemos que nosso conhecimento é limitado, enquanto o inconsciente está em índices elevados. Somos, muitas vezes, manipulados por essa idealização, e ignorá-la ou fugir dela pode ser perigoso para nossa convivência na sociedade. Quantas vezes ouvimos pessoas dizerem: "Fiz isso sem pensar", "Estou no automático", ou "Agir por instinto". Vamos analisar essas atitudes.

O instinto é um pré-código inato dos animais. Eles não possuem aparelho psíquico; agem conforme o ambiente e nascem com a pré-codificação da espécie. Agir no "automático" tem a ver com o funcionamento do cérebro, enquanto agir sem pensar pode estar ligado a questões pulsionais, desejos primários, como fome ou sede. Essas questões biológicas estão diretamente relacionadas à sobrevivência da espécie.

Falar besteira ou cometer um ato falho na comunicação são fatores importantes a serem analisados. Ferdinand Saussure, ao estudar a parte estrutural da linguística, exaltou a linguagem como a vida e a produtividade. Sem linguagem, estaríamos falidos, vagando pela escuridão. No entanto, quando usamos a linguagem de forma inadequada, logo somos classificados como agressivos, loucos ou, em casos mais extremos, como "pervertidos".

A psicologia fez avanços importantes nas últimas duas décadas. No entanto, a universalização e a padronização da classificação dos transtornos psicológicos, juntamente com a falta de uma avaliação mais aprofundada do comportamento e do caráter, deixam a desejar. Estamos vivendo em uma era onde a humanidade está sendo "robotizada", aguardando a unificação de pensamentos, perdendo o direito à expressão e à individualidade. Isso se reflete na imposição de normas de conduta, ditadas por grupos de pesquisadores que tentam moldar o comportamento humano conforme os desejos da coletividade.

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A civilização já recebe o ser humano com violência, costumes, cultura e padrões sociais impostos desde o nascimento. Não sou estudiosa do reino animal, mas, curiosamente, não vejo regras sociais nas florestas. As abelhas operárias não tentam matar a rainha ou assumir seu cargo. Por que então as religiões são impostas como verdades absolutas? E por que outras filosofias mitológicas são apresentadas como soluções saudáveis?

Se analisarmos alguns filósofos gregos e aplicarmos a métrica da psiquiatria a seus pensamentos, qual seria o resultado? Após meia garrafa de pinga, qualquer filósofo, rei, diplomata, bilionário ou simples "pobretão" acaba por se igualar em sua condição humana, atingindo o mesmo padrão de idiotice ou loucura. Esses indivíduos, mesmo embriagados, não permaneceriam os mesmos "engomadinhos" ou politicamente corretos de antes.

Onde estão, então, os loucos? Eles estão em todos os lugares: escrevendo artigos, produzindo livros, dirigindo nações ou realizando cirurgias nos hospitais. Nesse momento, existe um padrão caótico imposto por uma meia dúzia de loucos, enquanto uma multidão sem rumo é movida por um inconsciente coletivo que, talvez, Jung tenha tentado decifrar.

Ignorar a psique humana e apostar todas as fichas nas questões psicológicas é reduzir a complexidade do ser humano. Não podemos priorizar apenas aquilo que é visível, como a Lua, e esquecer que o universo contém uma infinidade de conteúdos desconhecidos. Fiquem com o que vocês veem, enquanto eu, e outros pesquisadores, buscaremos o que está além disso.

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