Há cerca de um ano, Geraldo dos Santos Filho, conhecido como pastor Júnior, foi descoberto em um condomínio de luxo em Sorocaba, no interior de São Paulo. Segundo uma denúncia do Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN), ele acumulou um patrimônio avaliado em pelo menos R$ 6 milhões, através da operação de um esquema de lavagem de dinheiro para o Primeiro Comando da Capital (PCC), utilizando igrejas evangélicas.

Desde então, Geraldo, irmão de Valdeci Alves dos Santos, conhecido como Colorido e considerado um líder importante de uma facção criminosa, está detido. Valdeci também foi detido em uma blitz da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no sertão pernambucano, em abril de 2022.

Ele enfrenta ameaças de morte por parte de Marco Willians Herbas Camacho, conhecido como Marcola, durante o conflito interno na liderança do PCC. Ambos permanecem presos no sistema penitenciário federal.

Geraldo e Valdeci, nascidos em Jardim de Piranhas, cidade do Rio Grande do Norte, decidiram mudar-se para São Paulo quando se tornaram adultos, onde foram batizados na maior facção criminosa do país e enriqueceram ilegalmente. No entanto seguiram rumos diferentes no mundo do crime, de acordo com o promotor Augusto Lima, do MPRN.

Conforme dados do MPRN, Geraldo adquiriu duas igrejas em São Paulo e cinco no Rio Grande do Norte, onde lavou dinheiro do tráfico de drogas do PCC.

Entenda o caso

Geraldo foi preso em 2002 por tráfico de drogas, mas fugiu após condenação em 2003. Durante os 16 anos como fugitivo, acumulou riqueza através de igrejas evangélicas que fundou com documentos falsos. O criminoso foi capturado em 2019 em uma casa luxuosa em Sorocaba. Sua companheira, também envolvida, aguarda julgamento em liberdade condicional.

Após nove meses de prisão, Geraldo passou para o regime semiaberto e, em abril de 2021, recebeu prisão domiciliar. Em janeiro de 2022, o juiz autorizou uma viagem a Balneário Camboriú.

Sua defesa solicitou permissão para viajar por todo o Brasil devido a prejuízos financeiros em sua empresa. O Ministério Público não se opôs, citando viagens anteriores sem problemas.

O caso gerou controvérsia devido à concessão de liberdade de movimento durante a execução penal.

Geraldo, junto com sua esposa Valdeci e outros dois irmãos, foi denunciado pelo Ministério Público do Rio Grande do Norte por associação criminosa, tráfico de drogas e lavagem de dinheiro entre 2008 e 2023, operando em vários estados brasileiros.

Ele usou seu CPF em transações financeiras, movimentando mais de R$ 2,2 milhões em cinco meses, e foi identificado como o principal intermediário de comunicação entre Valdeci e outros acusados.

A Operação Plata, parte da Operação Sharks do MPSP, revelou a compra de igrejas evangélicas para lavagem de dinheiro, relacionada a um esquema de enriquecimento ilícito e tráfico internacional de drogas envolvendo membros do PCC, incluindo Colorido.