Religiosos, teólogos e cientistas têm conceitos diferentes do universo, do mundo que habitamos. Somos constituídos biologicamente parecidos, entretanto, psiquicamente controversos e com lentes divergentes. Vivemos em mundos criados pelas circunstâncias psíquicas que fomos gerados e ignorar isso é a ausência do saber, da luz que exprime a verdade que exibe o real e a realidade (seguindo preceitos de Jacques Lacan, no seu conceito de Real, Simbólico e Imaginário), condenado a viver num mundo subterrâneo e amargurado, tão agudo como o conceito da caverna  de Platão, contudo, como comentam-se entre os humanos que até com a desgraça nos habituamos a viver e esses tentam não enxergar Deus, pois foram contaminados pelas mazelas religiosas e picados pelos “insetos leprosos” da idade média, essa época produziu gênios, entretanto, alguns mancos, incorretos psiquicamente, corroídos por  compulsões e vícios, perseguindo conceitos “teológicos” para desfazer a existência de Deus, o “enterrando” e o conduzindo para dentro da catacumba e percorrendo cemitérios literários para encontrar o cadáver, no entanto, enxergam  os seus próprios reflexos.

Não comungo com a ideia que pessoas nascem ateias, mas sim com a pulsão e energia psíquica de vida, a pulsão de morte é construída por vários processos, inclusive a amargura. Os traumas religiosos empurram esses para precipícios contraditórios tentando descontruir o sagrado e minimizando os fenômenos não explicáveis pela ciência.

O Dr. Edmar Jacinto, meu mestre e orientador nas dissertações e teses por mim defendidas, acrescenta de forma brilhante o conceito psíquico e contribui com esse artigo colocando “roupagem” teórica:

Os séculos que marcam nossa existencialidade perspectivizam novos achados culturais. Cada período foi, em sua época, um susto enorme para a contemporaneidade. Revelou-se um imperativo “relativo”, mas que eles sentenciavam como um pano de fundo sem tamanho.

Foi assim no período grego, quando eles criaram os mitos de EROS E PSIQUÊ. Eros significavam a amorosidade, a sentimentalidade e a ambivalencialidade. E a Psiquê significava tanto “borboleta” como “alma”. Uma alegoria à imortalidade da alma, simboliza também a alma humana, provada e aprovada por sofrimentos, recebendo como prêmio o verdadeiro amor que se eterniza.

Aí apareceu Freud, com sua mente prodigiosa, versátil, eclética e… reducionista. Foi assim que descobrimos um sentido de renovo, com uma ressignificação que daria um sentido imenso ao novo achado. Foi ele quem trouxe um novo significado à psiquê. Para ele, psiquê se dividia em três instâncias: id (parte inconsciente), ego (parte consciente) e superego (parte repressora). As três instâncias evocam cada qual o seu direito. O id cria as demandas, o ego acrescenta às necessidades da realidade e o superego incorpora o medo, a culpa, a raiva de ter uma moral que falha. Apesar de ser um ateu convicto e de sempre ter professado seu ateísmo, Freud, paradoxalmente, manifestou grande interesse pelo estudo religioso e empenhou-se seriamente em empregar elementos-chaves da teoria psicanalítica para interpretar as origens e a natureza da religião.

Assim é que nasce a deturpação de Deus. Se você se baseia só na psiquê para conhecer a Deus, para se aproximar dEle, para manter uma relação dual e vincular com Ele, tudo está fadado ao engano. 

Porque a construção psíquica   é baseada numa rivalização tremenda. Porque cada instância puxa para o seu lado e só cede quando o sentimento de culpabilização prevalece. É assim que acontece a presença de um Deus baseado no medo e na culpa.

Dê uma olhada no panorama mundial. Veja cada povo com sua construção psíquica que evoca a representação de seu deus. O que surge é a neurose do pavor. O seu deus só se atinge com penitências. Porque ele é severo.