O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou nesta sexta-feira, 8, pela absolvição do serralheiro Geraldo Filipe da Silva, acusado por crimes no 8 de janeiro de 2023 que estava em situação de rua à época da intentona golpista.

O ministro assinalou que não há provas suficientes de que o denunciado “se uniu” aos extremistas, “aderindo dolosamente ao intento de tomada do poder e destruição do Palácio do Planalto, do Congresso e do Supremo”.

A ação penal contra Geraldo é analisada em julgamento no plenário virtual que teve início nesta sexta-feira, 8, e tem previsão de terminar no dia 15.

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Caso os demais integrantes da Corte máxima sigam o entendimento de Moraes, o serralheiro deve ser o primeiro réu absolvido, totalmente, das imputações feitas na esteira do 8 de janeiro.

Geraldo Filipe da Silva foi preso em flagrante no 8 de janeiro e solto em novembro do ano passado, após 10 meses e 16 dias de cárcere.

Ele foi acusado dos crimes de associação criminosa armada, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. Se tornou réu no STF em 31 de maio de 2023.

Seis meses depois da abertura da ação penal em apreciação no STF, a Procuradoria-Geral da República, que denunciou Geraldo, defendeu a rejeição da acusação.

Argumentou que “não restou suficientemente demonstrado” que o denunciado tenha “concorrido dolosamente, na qualidade de executor” para os crimes do 8 de janeiro.

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Ao analisar o caso, o ministro Alexandre de Moraes ponderou que não há qualquer prova de que possa comprovar o dolo, a intenção, de Geraldo Filipe em praticar os crimes que lhe foram imputados pela Procuradoria Geral da República.

Moraes citou as provas colhidas na investigação, os depoimentos testemunhais e o vídeo do Policial Militar condutor do flagrante, apontando “dúvida razoável quanto à autoria delitiva”

A versão de Geraldo

Em interrogatório policial após a prisão, Geraldo narrou que estava em Brasília há três meses, em situação de rua. Narrou que era de Pernambuco e que, com um empréstimo do auxílio Brasil, foi para o Distrito Federal para “fugir do PCC porque lhe atribuíram participação no Comando Vermelho”.

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Sobre o 8 de janeiro, ele sustentou que “estava sozinho” e não conhecia os demais detidos.

Disse que chegou à Esplanada e viu um policial sendo agredido por manifestantes.

Em seguida, teria pulado a barreira de proteção e seguir para um local seguro, quando outros manifestantes pediram para retornar.

Essas mesmas pessoas, ainda segundo o depoimento, teriam chamado Geraldo de “vagabundo e petista”.

Depois dessa discussão, ele resolveu novamente pular a barreira de proteção, se deparou com outros policiais militares e foi detido.

À Justiça, Geraldo manteve o relato, narrando que estava saindo do centro POP (assistência social), próximo à Esplanada, após jantar, quando “viu uma movimentação de helicópteros e se aproximou”, avistando “várias pessoas pedindo intervenção”.

Ele afirmou que “não quebrou nada” e que os manifestantes o “chamaram de infiltrado e queriam bater”.

Declarou ainda que “não estava se manifestando junto aos demais, que aquilo ali era uma baderna na verdade” e que “foi no local por curiosidade”.

Sustentou que “foi preso sozinho quando tentava se evadir, momento em que as pessoas começaram a chamá-lo de petista”, sendo que “se os policiais não o tivessem prendido, teria sido espancado pelos manifestantes”.

Estadão Conteúdo