Nos últimos dias, logo após a notícia da chacina que resultou em mais de uma dezena de mortos, observamos reações antagônicas de segmentos da sociedade.

Aqueles ligado ao Bolsonarismo logo passaram a defender a ação policial, com o velho clichê de que bandido bom é bandido morto. Um outro segmento entrou em campo atacando a ação policial.

Em um momento de disputa e radicalismo político, a atenção e os discursos se voltam não para resolver o problema atacando sua base, mas tem como objetivo usar uma tragedia humana para angariar apoio as suas teses ideológicas.

Em um momento pré-eleitoral em que deveríamos discutir como construir uma sociedade mais justa e menos desigual, estamos amarrados na rinha ideológica que não leva a lugar nenhum.

Onde nasceram? Como cresceram? Onde estudaram? O que foi oferecido pela sociedade e pelo poder público aqueles que tiveram suas vidas abreviadas nesse episódio?

Precisamos urgentemente rediscutir nosso contrato social para oferecermos às nossas crianças um futuro onde seja possível termos adultos cidadãos.

Afinal, o que esperar de uma criança que nasce sem acesso a creche, sem acesso a uma escola pública básica de qualidade? O que esperar de uma criança que cresce vagando em ruas cujos ícones são traficantes?

O que esperar de um jovem que não tem alegria em frequentar a escola e que encontra a pseudo felicidade nos bares e no consumo de drogas?

É urgente a necessidade de nos voltarmos para verdadeira causa desses males que consomem nossa sociedade e perpetuam esse constante estado de miséria e violência.

Ter uma polícia bem treinada e equipada é importante, contudo muito mais importante é tem uma escola que acolha as crianças desde a primeira infância de maneira integral, oferecendo formação acadêmica e cívica para que na idade adulta ela possa ser motor de desenvolvimento e não estatística de violência.

Acorda Brasil!

Por Julio Lossio
Médico e Ex-Prefeito de Petrolina

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