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De acordo com uma pesquisa recente realizada pela Datamétrica, Marília Arraes apareceu com uma colocação excelente numa simulação de segundo turno das eleições para Governo do Estado neste ano.  Numa condição destas, a neta de Miguel Arraes seria eleita se dependesse dos entrevistados na pesquisa. Mas quem é, de fato, Marília Arraes? Qual é a sua história política? Que nome é este que vem aparecendo com tanto vigor na mente dos eleitores ouvidos pela Datamétrica?

 A recifense Marília Valença Rocha Arraes de Alencar Pontes tem 34 anos, é formada em Direito pela UFPE e foi Vereadora três vezes. Ela é filha de uma psicóloga e de um administrador de empresas. É a primeira neta do ex-governador de Pernambuco Miguel Arraes, que viveu na Argélia exilado por ter sido deposto pela ditadura militar de 1964. Arraes voltou ao Brasil, já anistiado, em 1979. Outro ex-Governador também é parente de Marília. Eduardo Campos é seu primo. A Vereadora também é sobrinha de Ana Arraes, Ministra do TCU.

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Como se vê, a Política está no sangue da neta de Arraes. Conta-se que Marília tem como ascendentes senhores de engenho, ministros e presidentes de província da época do Brasil Imperial.

 Em 2005 Marília Arraes filiou-se ao PSB, que também teve como Presidente o avô ilustre. Em 2008, ela tornou-se Vereadora da cidade de Recife aos 24 anos de idade. Em 2012 reelegeu-se Vereadora com 8.841 votos. A prima de Eduardo Campos foi convidada a assumir, logo depois, a Secretaria Municipal de Juventude e Qualificação Profissional, mas em 2014 voltou a exercer a vereança.

 Em 2016 Marília saiu do PSB alegando mudanças ideológicas e falta de democracia dentro do Partido, e foi para o PT. Neste mesmo ano, a Vereadora venceu as eleições para um terceiro mandato na Câmara Municipal de Recife.

 Marília pertence a um Partido que não possui muita expressividade no Estado, em termos de prefeituras aliadas. Nas últimas eleições o PT elegeu prefeitos nos municípios de Águas Belas, Calumbi, Granito Jaqueira, Orocó, Serra Talhada e Tacaimbó – nenhum deles situado na região metropolitana.  Já o PSB de Paulo Câmara elegeu 68 prefeitos,  sem considerar outros que resultaram de alianças com o Partido Socialista Brasileiro.

 O oponente político direto de Marília num contexto de eleições para Governo, é Armando Monteiro: assim diz a já citada pesquisa da Datamétrica. O PTB, Partido de Armando, elegeu 17 prefeitos, inclusive de cidades dentro da região metropolitana.

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 Apesar de ter experiência política, a neta de Arraes nunca disputou uma eleição majoritária, e o único Senador de seu Partido – Humberto Costa – acena com um apoio à candidatura de Paulo Câmara.

 Um dos maiores trunfos da Vereadora é o apoio do Presidente Lula, que abonou sua filiação ao PT, ato ocorrido em março de 2016 na Câmara de Vereadores recifense. A candidatura de Marília Arraes a Governo representa um sopro de renovo na Política Pernambucana. No entanto, politicamente, o nome da Vereadora não é tão conhecido no Estado como o nome de Armando Monteiro (Fonte: Datamétrica).

 Do ponto de vista ideológico, Marília tem a seu favor o apoio de boa parcela dos eleitores de esquerda. A simpatia com este público é tanta, que 53% dos eleitores da Vereadora, se expostos a um segundo turno nas eleições para Governo sem Marília, disseram que votariam em branco ou anulariam o voto (Fonte: Datamétrica).

 De fato, a prima de Eduardo Campos pode, durante a campanha eleitoral, surpreender nas intenções de voto. Marília tem forte identificação com o público jovem e não tem seu nome manchado por nenhum tipo de denúncia de corrupção em toda a sua trajetória política.  

 Em seu desfavor Marília ainda passou ontem, 19 de junho, pelo grande constrangimento de ser censurada por  Bruno Ribeiro, Presidente do PT no Estado. Marília apareceu na imprensa em evento na companhia do Deputado Federal Sílvio Costa (Avante). Na qualidade de pré-candidata a Governo pelo PT, Marília assinalou uma aliança com o Partido de Costa, e com o nome do mesmo para Senado. Horas depois o Presidente do PT pernambucano emitiu uma nota oficial de censura à Vereadora Marília Arraes.

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Ribeiro alegou na nota que houve desrespeito, por parte de Marília, tanto a questões de hierarquia quando a questões administrativas do Partido. O PT, na opinião de Bruno Ribeiro, não resolveu ainda se vai apoiar candidato próprio ou se fará aliança com Paulo Câmara. O Partido dos Trabalhadores também não respaldou qualquer aliança com o Partido de Sílvio Costa.

 Não se sabe ainda se o constrangimento por que passou Marília irá interferir na visão que o eleitorado tem dela. Também não se sabe se, internamente, o ocorrido tem potencial de minar de vez o nome de Marília Arraes para concorrer a Governo.

 Se escolhida para representar o PT, Marilia pode até vir a ser uma grata surpresa no pleito deste ano. Porém, se ela não conseguir driblar grandes dificuldades como as que citamos aqui, sua candidatura pode ficar bastante polarizada pelos eleitores ideologicamente de esquerda.

 Em ano eleitoral, tudo pode mudar. E é essa possibilidade de que “em ano eleitoral tudo pode acontecer”, que Marília precisa ter a sabedoria de usar a seu favor. Pode ser que sua candidatura não decole. Pode ser que decole, mas ela não ser eleita. Mas também pode ser, quem sabe, que Marília Arraes se torne a primeira mulher a governar Pernambuco. É esperar para ver.