Um certo fenômeno está para acontecer na política pernambucana. Apesar de ser comum um ou outro deputado estadual ser eleito com uma baixa votação, é possível que tenhamos uma quantidade recorde de eleitos com votações baixas. A multiplicação de chapinhas, tanto na situação quanto na oposição, denota que muitos políticos de profissão, com muitos mandatos e votação pesada, tendem a ficar de fora e vários novatos adentrem na ALEPE. Os “pequeninhos”, antes usados como cauda para eleger candidatos mais fortes, desta vez chegam com força total. O fato mais importante é o que vem a seguir, na verdade: a eleição de novatos com votações baixas, além de dar cara nova ao legislativo estadual, pode ser a senha para a ascensão de novos clãs ou líderes políticos para o futuro. Dar o poder investido em um mandato a novatos possibilita reforçar e aumentar os projetos que eles construíram, enquanto um candidato pesado dificilmente conseguiria repetir a alta votação se perderem esta eleição. Para não deixar amigos e aliados históricos a ver navios, o novo governador precisará chamar para o secretariado um número grande de deputados do chapão para que os não eleitos fiquem sem a caneta na mão. Na eleição do próximo presidente da ALEPE, o governador eleito também deverá prestigiar os deputados eleitos por estas pequenas chapas – e não serão poucos – ,abrindo espaço no governo que antes pertenciam aos deputados consolidados. O resultado final da repulsa do povo aos políticos tradicionais e a disseminação de chapas pequenas pode acabar impulsionando uma nova geração de políticos estaduais em Pernambuco.

Nas costas de Lula – Os prefeitos estão formando suas próprias chapas de senadores. Bruno e Jarbas, Bruno e Mendonça, Jarbas e Mendonça… só não se vê ninguém de expressão com Humberto Costa. Ao que parece, o senador pretende renovar seu mandato na Câmara Alta apenas com a popularidade de Lula e confia que a Frente Popular complemente os votos que faltarem, coisa difícil de acontecer.

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Strike – Quem está rindo à toa é Luciana Santos. A presidente nacional do PCdoB mostrou que política é para quem sabe jogar ao emplacar a vice de Paulo Câmara e, ao mesmo tempo, a vice do candidato do PT a presidente. Ambos os candidatos são competitivos e a vitória de um ou outro promete ser um fato histórico capaz de engordar o PCdoB futuramente em termos de representatividade. Atuando como pivô para que Marília Arraes fosse rifada e Manu recuasse do pleito a presidente, Luciana foi recompensada com a vice de Paulo e seu deslocamento dá oportunidade de Renildo, ex-prefeito de Olinda, tentar se eleger deputado federal.

Marcelo Velez.

Aluno de engenharia química pela UFPE, político e militante jovem de Camaragibe