Luciano SiqueiraLuciano Siqueira, vice-prefeito do Recife, e que também já foi vice-prefeito de João Paulo (PT) por oito anos, em conversa com o Portal de Prefeitura, falou: “Encerramos oito a nos sem um arranhão, sem um mal-entendido, e ele dividiu o governo comigo como Geraldo Júlio também divide”. Ele acredita que o sucesso nas duas gestões como vice-prefeito se devem a alguns fatores. Em suas palavras: “O primeiro fator é a generosidade do prefeito, de acreditar no seu vice-prefeito. Por outro lado, existe uma concepção no meu partido, o PCdoB, de que esse cargo de vice, seja vice-prefeito, vice-governador, vice qualquer coisa, implica numa responsabilidade muito grande. É preciso  contribuir no cotidiano da gestão para manter o governo unido em torno do programa de governo que foi apresentado à população na campanha eleitoral”. Também é fundamental uma permanente de lealdade. Siqueira acrescentou: “Vice-prefeito tem que ser muito leal ao prefeito. Tanto é que com o João Paulo nós combinamos. Eu disse: olha, quando eu discordar de você só você sabe. A equipe de governo não vai saber. Quem lidera o governo é o prefeito. Vice-prefeito é um colaborador. Deu certo assim. Com Geraldo, a mesma coisa”.

Saúde

Ao falar das ações da Prefeitura do Recife em relação a problemas na área da Saúde, Luciano Siqueira citou a ajuda importante de vários profissionais. “Tivemos a felicidade de contar em nossa equipe com o professor e médico Jaílson Correia, que comanda a Secretaria de Saúde do Recife. Ele é professor universitário e pesquisador. Ele foi capaz de interagir rapidamente com os cientistas, com os pesquisadores e as instituições que aqui em Pernambuco e no Brasil se debruçaram sobre o fenômeno das doenças relacionadas ao Aedes Egypt”, declarou o vice-prefeito. A Prefeitura estabeleceu metas de curto, médio e longo prazo para combater as referidas doenças. Contudo, há alguns fatores que precisam ser considerados na luta por uma Saúde melhor na cidade e no Estado. Sobre a saída de Pernambuco do ranking de maior número de vítimas das doenças relacionadas a patologias de massa, Luciano Siqueira nos disse: “Esse é o resultado que combina com um conjunto de ações da Saúde. Vivemos numa cidade com quase um milhão e seiscentos mil habitantes, dos quais, novecentos mil são muito pobres, e dentre estes, uns trezentos mil são paupérrimos. Significa que há condições sanitárias precárias e vulnerabilidade às epidemias e às endemias”.

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Segurança

Também conversamos sobre a violência urbana. Ele pontuou que o Pacto pela Vida surgiu numa conjuntura econômica e política muito diferente da atual. “Mediante a combinação das políticas públicas nacionais, comandadas por Lula, e estaduais, comandadas por Eduardo Campos, nós atingimos uma situação da econômica e social em Pernambuco de pleno emprego. O desemprego era menos que cinco por cento, o que é, tecnicamente, de pleno emprego. Em condições sociais favoráveis, uma ação de inteligência combinada com a repressão dá resultados muito mais eficientes. Só que hoje nós vivemos a maior crise econômica e social da história do Brasil que se reflete de maneira extremamente dramática”. O entrevistado declarou que, nas atuais contingências, um trabalho de repressão em conjunto com o de Inteligência é insuficiente para a demanda de Segurança Pública atual. Ele insiste que a violência criminal urbana é decorrente do que os técnicos chamam de fatores multicausais. Entre esses fatores encontram-se: o desemprego, quociente de ocupação do território, densidade populacional em determinado bairro, densidade de habitante por domicílio, nível educacional, qualidade do aparato repressor, etc. Siqueira acrescenta que a remuneração dos policiais também possui o mesmo grau de importância dos fatores supracitados. O político também nos disse: “A violência criminal urbana envolve também a própria mídia, que embora se diga incorporada à luta pelo ambiente de paz e de redução dos índices de violência, reproduz a violência no noticiário, e frequentemente trata os eventos violentos e os crimes de uma maneira espetacular, e terminam abordando aquele contraventor como se fosse um herói, assim como também os policiais mais violentos”.

Sobre ações mais objetivas na área de Segurança, Luciano Siqueira declarou: “Foi correto contratar mais policiais militares, civis, equipar as polícias com mais viaturas, coletes de proteção, armamentos, isso é necessário, porem o enfrentamento da violência criminal envolve os elementos todos que eu falei. De certa maneira, superar a crise que o país enfrenta tem tudo a ver com o enfrentamento da violência criminal. Ou nós alargamos a visão ou caímos na cilada do enfrentamento da força bruta entre a polícia e o bandido, e aí, no mundo inteiro essa luta não se vence, haja vista o exemplo do Rio de Janeiro”.

Eleições 2018

Sobre as para as próximas eleições a Governo do Estado, Siqueira nos disse que a Política é dinâmica. É preciso, nas palavras dele, encarar com serenidade e respeito o direito de juntar-se ou separar-se tendo em vista um novo caminho para melhorar o país.

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“Na verdade, parte dessas forças que estavam juntas com Paulo Câmara se juntaram a partir da candidatura de Eduardo Campos à presidência da república. Vocês lembram que Eduardo e o PSB eram aliados nacionais do PT, o próprio Eduardo foi ministro, o PSB tinha uma presença destacada no Governo, no de Dilma, inclusive. Então, num determinado momento, quando o PSB decidiu que queria um candidato próprio à presidência da república, Eduardo, muito corretamente, visitou a presidente e comunicou que o PSB iria construir uma alternativa própria à presidência da república”.

Declara ainda que, com a morte de Eduardo Campos, não houve tempo político hábil para as forças políticas, até então unidas por causa de Campos, se distanciassem. Siqueira concluiu: “. Com a evolução dos fatos, e com a crise – eu sempre me refiro à crise -, começou a surgir a expectativa de que essas forças se juntassem para derrotar Paulo Câmara e, quem sabe, conquistar o poder”.

Apesar de acreditar na diferença de opiniões políticas, Luciano Siqueira declarou que, apesar do longo tempo na política, algumas coisas ainda o chocam. Ele deu um exemplo disso: “O senador Fernando Bezerra Coelho (PMDB), com quem me relaciono muito bem, era um defensor intransigente do Governo Dilma. O PSB saiu, e ele ficou. E ele dizia que tinha ficado no Ministério a pedido da presidente. Quando veio a Campanha e ele se compôs com Eduardo Campos, ele passou a ser um crítico ferrenho ao Governo Dilma, do qual ele tinha participado. Há poucos meses numa solenidade da Prefeitura do Recife, Fernando fez um discurso apaixonado elogiando Paulo Câmara e Geraldo Júlio. De repente, Fernando assume outro discurso, um discurso duro contra Paulo Câmara, Geraldo Júlio e contra o PSB. Isso choca um pouco. Eu repito que a gente tem que reconhecer o direito de cada um mudar de posição, mas, ás vezes, a mudança é muito abrupta. Um discurso substitui o outro com a mesma veemência. Mesmo veterano como eu, se choca de vez em quando”.

Quanto à eleição para a presidência do país, complementa: “A pré-candidatura da Manoela D´Ávila é para valer, e precisávamos ter uma voz, no concerto das forças políticas, que defendesse a ideia da frente ampla e que pudesse antecipar várias propostas de itens que deveriam, a nosso juízo, compor uma plataforma, um conjunto de propostas que unifiquem partidos, movimentos sociais, intelectuais, religiosos, etc, num leito comum da resistência. Se não houver a possibilidade de uma composição ampla no primeiro turno, iremos até o segundo turno. E quem no nosso campo estiver mais bem colocado, receberá o nosso apoio, porque o adversário comum está do lado de lá”.

 

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