A polícia de Serra Leoa está conduzindo uma investigação sobre a morte de três jovens que foram submetidas à mutilação genital em dezembro de 2023, durante cerimônias de iniciação na província do noroeste do país, de acordo com informações locais.

Atualmente, os pais e outras pessoas envolvidas no caso estão sob custódia policial. Serra Leoa apresenta uma das maiores taxas de mutilação genital feminina entre os países africanos.

Apesar de campanhas de conscientização serem feitas há décadas, essa prática persiste como uma violação dos direitos humanos das mulheres, em contravenção a tratados e convenções internacionais de muitos países. A mutilação continua sendo parte integrante dos costumes e normas sociais em Serra Leoa, sendo vista como um meio de garantir a aceitação social das jovens e facilitar seus casamentos.

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As três jovens envolvidas: Adamsay Sesay, de 12 anos, Salamatu Jalloh, de 13 anos, e Kadiatu Bangura, de 17 anos, perderam a vida nas cerimônias de iniciação, que são rituais de passagem para a vida adulta e requisitos para o casamento em algumas culturas.

No país, a prática da mutilação genital feminina geralmente é realizada por soweis, membros sêniores das sociedades secretas Bondo, compostas exclusivamente por mulheres.

Além de ser uma flagrante violação dos direitos humanos das mulheres e jovens a nível internacional, a mutilação genital feminina é também considerada uma forma de violência e uma manifestação de desigualdade e discriminação de gênero.

Apesar da resolução da ONU, aprovada em 2012, proibindo essa prática, ela persiste em cerca de 30 países em todo o mundo, incluindo Serra Leoa.

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Segundo estimativas atuais, que serão atualizadas pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) no próximo mês, pelo menos 200 milhões de mulheres e jovens foram submetidas a essa prática em todo o mundo.

Um estudo de 2019 revelou que 83% das mulheres em Serra Leoa tinham sido submetidas à mutilação genital feminina, uma ligeira redução em relação aos 90% registrados em 2013.

A eliminação desse procedimento é reconhecida nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, instando os 193 países signatários a adotarem medidas para “eliminar todas as práticas nocivas, como o casamento infantil, o casamento precoce e forçado, e a mutilação genital feminina” até 2030.