O primeiro índice de inflação na Argentina sob o comando de Javier Milei indica uma desaceleração dos preços. Segundo o Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec), a inflação subiu 20,6% em janeiro, depois de uma alta de 25,5% em dezembro.

O refresco dá um respiro a Milei, após uma dura derrota no Congresso na semana passada, quando seu projeto de reforma econômica retornou à estaca zero por falta de apoio.

Segundo o Indec, a variação anual dos preços chegou a 254,2%, a maior desde os anos 1990, o que faz da inflação argentina a mais alta do mundo, à frente de Venezuela (193%) e Líbano (192,3%).

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O resultado de janeiro, porém, envia um sinal positivo ao governo que acabou de completar dois meses e havia prometido conter a hiperinflação.

Parte da alta está relacionada à retirada de subsídios anunciada por Milei, sobretudo no setor de transportes, telefonia e banda larga, e na extinção de regras que tabelavam preços de serviços, como os planos de saúde.

O setor de bens e serviços subiu 44,4%, seguido por transporte, 32,6%. A alta dos alimentos, que prejudica sobretudo os mais pobres, no entanto, perdeu força.

Consultorias preveem que a tendência de recuo se mantenha ao longo do ano e é possível que a Argentina retroceda a uma inflação anual abaixo de 200%.

O dado, se confirmado, seria uma vitória do governo em meio a uma série de reveses.

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Otimismo

Milei desencadeou uma crise política na semana passada ao sair em cruzada contra quem chamou de “traidores”.

Após sua “Lei Ônibus” voltar à estaca zero, ele promoveu uma caça às bruxas a deputados e governadores de sua própria base, colocando em xeque o futuro de sua reforma.

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Economistas dizem que a inflação subiu menos em janeiro em consequência da aposta da equipe de Milei em controlar a alta do dólar e em dar um choque recessivo na economia argentina, fazendo com que as pessoas comprem menos.

Câmbio

Ao desvalorizar a moeda em mais de 50%, em dezembro, o presidentefixou o preço do dólar oficial em 800 pesos.

Por um tempo, o paralelo e os outros tipos de câmbio não aumentaram drasticamente, como em desvalorizações anteriores.

Já a queda no consumo segue uma lógica semelhante: com menos gastos, menos dinheiro circula e a inflação desacelera.

O problema, segundo os economistas, é o quanto esta lógica é sustentável com o tempo. O câmbio já voltou a apresentar subidas, embora pequenas.

Já a queda no consumo, que causa recessão, tem um custo humano alto que se reflete no humor da população.