O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou, nesta terça-feira (18/6), em entrevista à rádio CBN, que não vai fazer ajuste fiscal em cima dos pobres e disse que o problema do Brasil é que a parte mais rica do País tomou conta do orçamento com isenções e desonerações. Ele observou ainda que esses setores têm benefícios fiscais sem oferecer contrapartidas para o mundo do trabalho.

Boa parte da entrevista foi dedicada a debater se e como o Governo Federal pretende cortar gastos para atingir a meta de resultado primário. Logo no início da entrevista, Lula relatou que após reunião com a equipe econômica, na manhã de ontem (17), ficou perplexo ao tomar conhecimento dos benefícios de alguns setores da economia, sinalizando que o corte de privilégios será prioridade no processo de ajuste fiscal.   

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Gasto X investimento

O presidente afirmou que tem uma discordância conceitual sobre o que é considerado gasto e o que é investimento no orçamento e as pessoas jogam a responsabilidade dos gastos nas políticas sociais.  

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Contrapartidas 

O presidente ressaltou a necessidade de que as desonerações prevejam contrapartidas sociais, como ocorreu em seus mandatos anteriores.  

Pisos constitucionais

Lula afirmou que não teme fazer mudanças em regras orçamentárias, desde que a necessidade seja comprovada de “forma contundente” e que tais mudanças não punam as pessoas mais vulneráveis, em favor dos mais ricos.  

O jornalista Milton Jung havia perguntado ao presidente se mudanças nos pisos constitucionais de Saúde e Educação, ventiladas pela imprensa, estariam descartadas. De maneira indireta, Lula as descartou. 

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Ao mesmo tempo, Lula procurou demonstrar que têm responsabilidade fiscal. Para tanto, recordou que em 2003, em seu primeiro mandato, promoveu uma mudança de regras no regime previdenciário do serviço público federal – à época, as mudanças limitaram-se a elevar a contribuição para servidores com salários próximos ao topo das carreiras do funcionalismo.  

Outro exemplo usado por Lula foi a diferença entre o uso do orçamento no atual governo e no governo do “antecessor” que, nas palavras de Lula, “saiu distribuindo dinheiro para todo mundo” no final do mandato, com interesses eleitorais, na ordem de R$ 300 bilhões, sem critérios, o que exigiu a reformulação do orçamento de 2023 pela equipe de transição e o Congresso Nacional. 

Para conceituar sua visão sobre prioridades orçamentárias, Lula recorreu às medidas de socorro financeiro para a reconstrução do Rio Grande do Sul. Segundo o presidente, a excepcionalidade fez o Governo Federal tomar decisões que, se vistas sob o estrito controle orçamentário, não poderiam ter sido tomadas. 

Crescimento da economia

Na entrevista, o presidente reafirmou que o ano anterior foi o da semeadura e esse será o ano da colheita. Ele citou dados positivos da economia e disse que o Brasil está crescendo acima do esperado pelo mercado, gerando emprego.  

Lula também discorreu sobre a autonomia do Banco Central e a escolha do próximo presidente da instituição. O presidente da República disse que, em seus primeiros mandatos, o ex-presidente do BC, Henrique Meirelles, tinha mais autonomia do que o atual, Roberto Campos Neto, e questionou a quem ele estaria submetido.

Agência Brasil