O assessor parlamentar Kaio Brazão, filho do conselheiro do Tribunal de Contas do Rio (TCE-RJ) Domingos Brazão, publicou um vídeo em rede social em defesa do pai e do tio, o deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido-RJ).

Os dois estão presos preventivamente suspeitos de serem os mandantes do assassinato da vereadora carioca Marielle Franco, em 2018.

O filho do conselheiro afirma na legenda da postagem que não há provas para a prisão dos familiares e diz que os Brazão continuam comprometidos com “a verdade e a justiça social”.

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No texto que acompanha o vídeo, publicado no seu perfil no Instagram neste domingo, 31, Kaio escreve que “é fundamental distinguir entre presunções e evidências concretas” na busca pela “veracidade dos fatos”, se referindo às investigações da Polícia Federal (PF) que apontaram o pai e o tio como os mandantes do assassinato da parlamentar, crime que também vitimou o motorista dela, Anderson Gomes.

Kaio atua como assessor parlamentar desde janeiro de 2021 no gabinete do vereador Waldir Brazão (sem partido) na Câmara do Rio.

Apesar de usar o sobrenome da família, Waldir Rodrigues Moreira Junior não tem laços consanguíneos.

Ele é ex-chefe de gabinete do deputado estadual Manoel Brazão (União-RJ), irmão mais velho de Domingos e Chiquinho.

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O relatório final da investigação, com 479 páginas, resultou no indiciamento formal de quatro investigados.

No caso dos irmãos Brazão, por ocuparem cargos públicos, há exigências legais específicas para que o processo siga adiante. Os policiais solicitaram autorização para o indiciamento de Chiquinho no Supremo Tribunal Federal (STF) e para o de Domingos à Procuradoria-Geral da República (PGR).

Em agosto de 2023, Kaio foi lançado pré-candidato a vereador no Rio. Na ocasião, o prefeito da capital fluminense, Eduardo Paes (MDB), elogiou a família Brazão e disse que é ela quem “melhor representa Jacarepaguá”, na zona oeste da capital.

Paes, em outubro do ano passado, nomeou Chiquinho como secretário especial de Ação Comunitária na prefeitura, função que o deputado exerceu até fevereiro.

O prefeito se manifestou no último sábado, dia 30, dizendo que foi “um erro colocar no governo uma pessoa que tinha suspeita no caso Marielle”.

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A PF apontou que a oposição de Marielle na tramitação de um projeto de lei de autoria de Chiquinho Brazão, que seria de interesse da milícia carioca, teria sido a principal motivação do crime.

Segundo o ex-policial militar Ronnie Lessa, autor das mortes e delator, Marielle estava “atrapalhando os interesses dos irmãos, em especial, sua atuação junto a comunidades em Jacarepaguá, em sua maioria dominadas por milícias, onde se concentra relevante parcela da base eleitoral” da família Brazão

O deputado se defendeu das acusações na sessão da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara no último dia 26, que começou a analisar a manutenção da prisão dele.

Por videoconferência a partir do presídio da Papuda, em Brasília, ele afirmou que tinha um “ótimo relacionamento” com Marielle na Câmara Municipal. A análise do colegiado foi interrompida por pedido de vista.

Além dos irmãos, o ex-chefe de Polícia Civil do Rio Rivaldo Barbosa foi preso preventivamente, suspeito de agir para proteger os dois e de participação no planejamento do assassinato.

O advogado Ubiratan Guedes, que representa Domingos Brazão, o advogado Cleber Lopes de Oliveira, defensor de Chiquinho Brazão e o advogado Alexandre Dumans, representante do ex-chefe da Polícia Civil do Rio, negam a participação deles no crime.

Estadão Conteúdo