Noruega, Irlanda e Espanha decidiram na quarta-feira, 22 de maio, que reconhecerão um Estado palestino independente no dia 28. Embora simbólico, o gesto é visto como um puxão de orelhas em Israel e reflete a impaciência internacional com a guerra na Faixa de Gaza, com décadas de ocupação dos territórios palestinos e com a falta de vontade política do governo israelense para negociar um acordo de paz

Com a decisão, 146 dos 193 membros da ONU já reconhecem o Estado palestino, inclusive o Brasil – por decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no último ano de seu segundo mandato, em 2010.

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Entre os que se recusam estão EUA, Canadá, Japão, Austrália e Nova Zelândia, além das principais potências da Europa, como Reino Unido, França e Alemanha.

Noruega, Espanha e Irlanda justificaram a decisão como um incentivo para destravar as negociações diplomáticas e abrir as portas para que outros países europeus sigam o exemplo.

O efeito em cascata tem raiz histórica. Quando o Brasil reconheceu a Palestina, em dezembro de 2010, 15 países da América Latina repetiram o gesto nos 12 meses seguintes, entre eles Argentina, Chile, Equador, Bolívia e Peru.

Reações

A decisão, no entanto, dividiu opiniões. Israel reagiu com fúria, convocando seus embaixadores nos três países, como forma de demonstrar sua insatisfação. O primeiro-ministro, Binyamin Netanyahu, disse que o reconhecimento era “um prêmio para o terrorismo”.

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O ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, um radical de direita, defendeu a suspensão do repasse de impostos para a Autoridade Palestina, que administra partes da Cisjordânia.

A Casa Branca correu para prestar apoio a Israel e rejeitou o reconhecimento de um Estado palestino. A porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, Adrienne Watson, defendeu a criação de um Estado palestino apenas por meio de negociações diretas – e não de maneira unilateral.

Jake Sulivan, conselheiro do presidente, Joe Biden, afirmou que os EUA estão preocupados com o isolamento de Israel.

Desgaste

Os anúncios de ontem refletem uma opinião que vem ganhando tração em muitas capitais, de que a soberania palestina não pode esperar por um acordo de paz permanente com Israel, cujo governo é sustentado por uma coalizão que inclui extremistas que se opõem a um compromisso.

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Pedro Sánchez, primeiro-ministro espanhol, alegou que foi forçado a agir porque Netanyahu não tem um plano de paz.

O líder irlandês, Simon Harris, lembrou a luta de seu país pela independência.

A cientista política israelense Maya Sion-Tzidkiyahu, especialista em relações com a Europa, disse que os anúncios refletem a erosão do apoio global que Israel recebeu imediatamente após os ataques de 7 de outubro, quando o Hama matou 1,2 mil pessoas e sequestrou outras 240.

Estadão Conteúdo