Foto: Divulgação

A ex-deputada e candidata a vice nas últimas eleições presidenciais, Manuela D’Ávila (PCdoB-RS) teve contato que durou nove dias com hacker Walter Delgatti Neto, preso em julho, segundo a Polícia Federal.

O inquérito da Operação Spoofing investiga a invasão de celulares de autoridades do País, como o do atual ministro Sergio Moro, na época juiz, e do procurador Deltan Dallagnol. Ao todo, 38 reproduções de tela de celular foram incluídas e a organização das mensagens foi feita pela própria defesa de Manuela.

Continua após a publicidade:

“Quero Justiça, não quero dinheiro”, diz o hacker em uma das conversas com a ex-deputada, acrescentando ter “oito teras (bytes) de coisa errada”. Em um trecho, Manuela chega a indicar que o conteúdo seja repassado e afirma que o jornalista Glenn Greenwald, do site The Intercept Brasil, era a “melhor pessoa” para receber o conteúdo hackeado.

Delgatti Neto, por sua vez, diz que não havia pensado no nome do jornalista antes, mas depois afirmou que a indicação foi a “melhor saída”. “Era tudo o que eu precisava. Mas acredito que não caiu sua ficha (de Greenwald) ainda”, avaliou. Manuela, por sua vez, discorda: “Caiu, sim. Por isso pensei no jornalista mais capaz e com credibilidade mundial”.

Os diálogos informam que Manuela mentiu ao afirmar que não conhecia a identidade do hacker. Delgatti Neto disse à PF ter pedido o contato de Greenwald a Manuela. Logo após receber o número do telefone, ele continuou a enviar mensagens para Manuela. Ao avaliar a reação de Greenwald ao receber o material, o hacker vibrou. “Ele ficou louco, lá. Foi comprar computadores novos para os arquivos. Já fizeram não sei quem ir de BSB (Brasília) até eles”.

“Dei sorte de chamar você. Eles iam privatizar tudo. O País ia falir. Tem todos os acordos prontos. Um golpe gigantesco ia ser concretizado”, escreveu o hacker a ex-deputada, segundo reprodução que consta no inquérito sigiloso.