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O deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), foi oficializado nesta segunda-feira, 22 de julho, como o nome do PL que vai disputar a prefeitura do Rio de Janeiro nas eleições municipais deste ano.

Ramagem foi mantido como pré-candidato do partido, com o aval do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), após vir à tona a gravação de uma reunião em que o ex-chefe do Executivo discute um plano para anular o inquérito das “rachadinhas” – investigação que fechou o cerco a Flávio Bolsonaro (PL-RJ).

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O diretório do PL no Rio de Janeiro confirmou Ramagem após a candidatura do deputado ser colocada em xeque depois de o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), retirar o sigilo do áudio da reunião entre o ex-presidente, o general Augusto Heleno (então chefe do Gabinete de Segurança Institucional) e o ex-chefe Abin e revelar o suposto esquema.

Prevaleceram os planos do senador Flávio Bolsonaro, mentor da indicação de Ramagem ao posto. O filho “01” do ex-chefe do Executivo é considerado a ponte entre o ex-diretor da Abin e Bolsonaro.

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Na cerimônia protocolar desta segunda, entre os filiados ao PL no Rio, Ramagem sentou-se ao lado de outro filho do ex-presidente e seu amigo pessoal: o vereador Carlos Bolsonaro. O parlamentar é outro entusiasta da candidatura do ex-diretor da Abin. Em um rápido discurso, Carlos disse que a eleição deste ano “é o momento” de os filiados da sigla “mostrarem de que lado estão”.

Uma das lideranças do partido no Rio, o deputado federal Luiz Lima, que foi o candidato bolsonarista nas eleições municipais passadas pelo PSL, afirmou que os pré-candidatos precisam “dosar uma porção de agressividade e estratégia”.

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A Polícia Federal (PF) cumpriu cinco mandados de prisão preventiva na Operação Última Milha – investigação sobre monitoramento ilegal de autoridades públicas e produção de notícias falsas pela Abin do governo Bolsonaro. Ramagem e influenciadores do “gabinete do ódio”, grupo revelado pelo Estadão em 2019, estavam entre os alvos.

Três dias após a divulgação da gravação, Bolsonaro pôs fim às especulações sobre uma possível troca de candidato na disputa pela prefeitura e gravou um vídeo, na quarta-feira, 17, em apoio ao ex-diretor da Abin.

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O ex-presidente anunciou uma série de agendas de pré-campanha no Rio de Janeiro entre quinta-feira, 18, e sábado, 20, ao lado de Ramagem e aliados no Estado berço do bolsonarismo.

Como mostrou o Estadão, o ex-presidente se irritou com Ramagem após a informação de que a Polícia Federal encontrou o áudio da reunião, mas que o PL pretendia manter a candidatura de Ramagem mesmo com o avanço das investigações que apuram um suposto esquema de espionagem ilegal na Abin.

Os atos de Bolsonaro na capital fluminense ao lado de Ramagem foram marcados pelo apoio tímido do ex-presidente ao pré-candidato do PL. O líder do clã da zona oeste do Rio, Ramagem, o governador Cláudio Castro (PL) e Flávio Bolsonaro adotaram uma narrativa de perseguição. E reforçaram o discurso ideológico que levou Bolsonaro à Presidência, com declarações contra o aborto, a descriminalização das drogas e a “ideologia de gênero”.

A defesa mais contundente do ex-presidente a Ramagem ocorreu na quinta-feira, 18, durante o ato na Tijuca, na zona norte. Bolsonaro afirmou que o ex-diretor da Abin “paga um preço alto pela ousadia” de querer governar uma cidade como o Rio.

A três meses das eleições municipais, o atual prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), aparece com 53% das intenções de voto em levantamento do Datafolha divulgado em 5 de julho. Ramagem vem em seguida, mas com 9% – uma diferença de 44 pontos porcentuais.

Estadão Conteúdo