O ex-presidente Michel Temer (MDB) disse ser contra a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) após as revelações feitas pela Operação Tempus Veritatis nesta quinta-feira, 8 de fevereiro. Segundo Temer, não há razão para prender Bolsonaro com as provas que vieram à tona até o momento.

De acordo com o ex-presidente, as provas coletadas mostraram que houve intenção e tentativa de uma ação golpista que, segundo ele, não tiveram sucesso porque as Forças Armadas rejeitaram a aventura antidemocrática da cúpula de Bolsonaro.

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O emedebista julgou como “grave” as intenções golpistas mostradas pelo relatório da operação e se disse “surpreendido” pelos diálogos de Bolsonaro e seus aliados.

Segundo ele, o desfecho desejado pelos membros do governo anterior era uma intervenção militar após os ataques aos prédios públicos dos Três Poderes, em Brasília.

Investigações apontam Bolsonaro como ‘artífice’ do golpe

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A operação da PF realizou 33 mandados de busca e apreensão contra ex-ministros, militares de alta patente e ex-assessores de Bolsonaro.

O ex-presidente é suspeito de ter sido o “artífice” de um golpe de Estado após as eleições de 2022.

Ele teve o passaporte apreendido e está proibido de deixar o País.

A PF colocou Bolsonaro como participante direto na edição de uma “minuta golpista” que circulou entre seus aliados após o segundo turno.

Conversas encontradas no celular do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência, sugerem que o ex-presidente ajudou a redigir e editar o documento.

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As mensagens foram trocadas entre Cid e o general Marco Antônio Freire Gomes, que era o então comandante do Exército, em dezembro de 2022.

De acordo com o ex-ajudante de ordens, Bolsonaro “enxugou” o texto.

A versão inicial do rascunho previa, além de novas eleições, a prisão de autoridades, como os ministros do STF Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes, e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

Segundo a PF, por sugestão de Bolsonaro, apenas a prisão de Moraes foi mantida no documento.

Temer intermediou contato entre Bolsonaro e Moraes

No dia 5 de julho de 2022, Bolsonaro realizou uma reunião com ministros que foi gravada e encontrada no computador de Mauro Cid pela PF.

Segundo os investigadores, o vídeo do encontro evidenciou a “dinâmica golpista” planejada pela alta cúpula do governo passado.

O ex-presidente incentivou a sua equipe a divulgar desinformações sobre o processo eleitoral e disse que não era o caso de o então ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira “botar tropa na rua, tocar fogo e metralhar”.

A reunião ocorreu um mês antes de Temer virar um “conciliador” entre Bolsonaro e Moraes, intermediando uma ligação telefônica entre os dois.

O emedebista disse que o gesto seria uma representação de “boa vontade e grandeza” entre o Executivo e o Judiciário, que estavam tensionados após ataques diretos do ex-presidente aos ministros do STF.

Estadão Conteúdo