Uma residente de Porto Alegre causou controvérsia ao alegar que as recentes enchentes no Rio Grande do Sul estavam ligadas à orientação sexual do governador Eduardo Leite (PSDB). Leite, que está em uma união estável com o médico pediatra Thalis Bolzan, foi alvo de declarações homofóbicas de Neiva Borges, que expressou suas opiniões em um vídeo nas redes sociais.

No vídeo, Neiva sugeriu que a comunidade evangélica deveria se desculpar por eleger Leite, relacionando a tragédia à “ira de Deus”. Ela expressou constrangimento por ser gaúcha e por ter um governador cujo parceiro é outro homem, alegando que isso teria desencadeado a ira divina sobre o estado.

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A Aliança Nacional LGBTI+ emitiu rapidamente uma resposta condenando veementemente o vídeo, enfatizando a necessidade de respeitar as decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) que equipararam a LGBTIfobia ao crime de racismo. A organização destacou a importância de combater discursos de ódio e discriminação, reafirmando seu compromisso em todas as 27 unidades federativas do país.

Após a repercussão negativa, Neiva Borges excluiu todos os seus vídeos do TikTok, incluindo o vídeo com as declarações homofóbicas.

“NOTA OFICIAL DA ALIANÇA NACIONAL LGBTI+ DE SOLIDARIEDADE AO GOVERNADOR EDUARDO LEITE

A Aliança Nacional LGBTI+ manifesta sua mais profunda solidariedade ao governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, e a todo o povo gaúcho, pelos ataques infundados e de caráter odioso que vêm sofrendo através das redes sociais. Repudiamos veementemente as tentativas criminosas de associar a catástrofe natural que assola o estado ao fato de o governador ser um homem homossexual.

Recentemente, circulou um vídeo na internet no qual uma mulher, identificada como Neiva Borges, profere declarações absurdas e ofensivas, alegando que a “Ira de Deus” foi ativada contra o povo gaúcho pela eleição de um governador cujo companheiro é do mesmo sexo. Essas afirmações, além de ignorantes e intolerantes, configuram um discurso de ódio que não pode ser tolerado em nossa sociedade.

Veja a transcrição:

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‘Meu nome é Neiva Borges, de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, e eu quero hoje falar para as igrejas, para o povo também do nosso Brasil, principalmente aos patriotas que são um povo que olham Deus acima de todos, e o Brasil acima de tudo. Eu me envergonho por ser gaúcha de ter hoje como governador do Eduardo Leite, cuja primeira-dama é outro homem, e eu quero alertar a igreja do Senhor na Terra, dizendo que esse pecado de ter colocado um homem, cuja primeira-dama é um homem, no poder, isso ativou a ira de Deus contra o povo gaúcho. Isso fez com que a ira do Senhor alcançasse o seu povo, e hoje nós temos a destruição de um estado. Então o que eu quero pedir a todos os gaúchos. A igreja do Senhor, a igreja do Sul, é que olha e peça um perdão. Cada um que votou no Eduardo Leite, que omitiu o socorro dos resgates, omitiu o resgate ou omitiu o socorro pós-resgate, os enfermeiros médicos, que estão lá sendo usados e cuidados do povo dos feridos que estão sendo resgatados, é o próprio povo, é voluntário, não tem nada, não tem ajuda nenhuma do governo. Então eu quero pedir, olhem, peça um perdão por ter colocado esse homem lá no poder. Peça um perdão para que a ira de Deus seja aplacada, seja diminuída e assim, nos vemos ao pensamento de misericórdia.’

Reforçamos nosso pedido para que as autoridades competentes investiguem e tomem as devidas providências legais contra esse tipo de discurso que incita o ódio e a discriminação. É essencial que sejam cumpridas as decisões do Supremo Tribunal Federal (STF), que já reconheceu a LGBTIfobia como crime equivalente ao racismo, para combater a propagação de discursos LGBTIfóbicos.

Em tempo, salientamos que nossas palavras não têm qualquer intenção de desrespeitar a liberdade religiosa. Acreditamos firmemente que a liberdade de credo e opinião são direitos fundamentais, mas esses direitos não podem ser utilizados como salvo-conduto para a prática de crimes e a disseminação de ódio. A liberdade religiosa deve conviver harmoniosamente com o respeito aos direitos humanos e à dignidade de todas as pessoas.

Nossa solidariedade vai especialmente para as vítimas da catástrofe no Rio Grande do Sul e para todos os que estão trabalhando incansavelmente nos esforços de resgate e socorro. A Aliança Nacional LGBTI+ se coloca à disposição para apoiar o governador Eduardo Leite e a população gaúcha, reiterando nosso compromisso com a justiça, a igualdade e a dignidade para todos.

17 de maio de 2024

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Toni Reis
Diretor Presidente da Aliança Nacional LGBTI+

Gregory Rodrigues Roque de Souza
Coordenador Nacional de Comunicação da Aliança Nacional LGBTI+

Dani Boeira
Coordenador Estadual da Abrafh no Rio Grande do Sul

Luciano Blasius
Coordenador da Área de Segurança Pública da Aliança Nacional LGBTI+