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O presidente Lula afirmou que o governo elabora “uma proposta para aderir” à Iniciativa do Cinturão e Rota, o principal projeto de infraestrutura e investimento da China, também conhecido como a “nova rota da seda”.

A declaração marca a primeira vez que o governo fala abertamente sobre a adesão, debatida internamente desde a viagem do presidente a China em abril do ano passado.

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Lula falou sobre o assunto no evento que anunciou investimentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em rodovias federais, na última sexta-feira, 19, em São José dos Campos (SP).

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O plano é debatido internamente há mais de um ano, mas o governo nunca havia admitido publicamente.

Os integrantes discutem os prós e contras de aderir ou não a iniciativa o megaprojeto de infraestrutura lançado há 11 anos pelo governo Xi Jinping. A ofensiva já reúne cerca de 150 países e sofre oposição dos Estados Unidos e da Europa, que também reagiu com projeto de parceria global.

A China persegue a adesão do Brasil e sugeriu unir a nova Rota da Seda ao novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), mas há resistências por parte de integrantes da diplomacia, embora o projeto, oficialmente conhecido como Cinturão e Rota (Belt and Road), tenha simpatia de membros do Palácio do Planalto.

Em junho, o vice-presidente, Geraldo Alckmin, liderou uma missão a Pequim com ministros e representantes de 21 ministérios e agências governamentais, além de delegação empresarial.

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E em novembro, Xi Jinping virá ao Brasil para participar da Cúpula de Líderes do G-20 e se reunir com Lula e autoridades brasileiras, em uma visita de Estado, que deve ocorrer em Brasília.

De acordo com o presidente, o Brasil também deve ir a Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec), no Peru, para discutir a adesão do Brasil a proposta da China.

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Embora a China seja o maior parceiro comercial do Brasil e historicamente invista no País, os governos têm relutado em assinar a Iniciativa Cinturão e Rota. Na América do Sul, o Brasil é um dos únicos três a não aderir a iniciativa, ao lado da Colômbia e do Paraguai.

Uma avaliação comum é que há uma parceria contínua com Pequim que independe da adesão, enquanto a adesão sinalizaria alinhamento com Pequim que poderia afetar a relação do Brasil com parceiros ocidentais.

Em junho, no entanto, Lula externou que deseja construir uma “parceria estratégica de muitos anos” com Xi Jinping, sem dar mais detalhes.

Os dois países celebram 50 anos de relações diplomáticas este ano e devem celebrar a data com alguma marca.

Brasília e Pequim compartilham de uma extensa pauta e interesses, que vão além do agronegócio e passam por itens de Defesa, aviação, exploração espacial e investimentos em energia e indústria automobilística.

O Brasil quer exportar à China ao menos 20 jatos modelo E195-E2 da Embraer, de médio porte e uso comercial, já certificado para rotas internas operadas por companhias chinesas.

Os países pretendem lançar um novo satélite geoestacionário conjunto, o CBERS-5, com maior capacidade de captação de imagens para produção de dados meteorológicos.

A China também manifestou interesse formal em comprar 49% da estatal Avibrás – a empresa passa por recuperação judicial e é a fabricante dos sistemas de mísseis e foguetes Astros, um projeto estratégico do Exército Brasileiro. A parceria seria por meio da estatal chinesa Norinco e vem sendo discutida com Lula e o Ministério da Defesa.

Estadão Conteúdo