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A Prefeitura da Cidade do Recife, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Social, Direitos Humanos, Juventude e Políticas Sobre Drogas, divulgou, na tarde da última sexta-feira, 25 de agosto, a o relatório do Censo da População de Rua, construído em conjunto com a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE).

O evento aconteceu no Teatro do Parque e marca o mês da Luta Nacional da População em Situação de Rua, lembrado no dia 19 de agosto. Além do Censo, a secretária Ana Rita Suassuna anunciou novas iniciativas destinadas à população em situação de rua.

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O Censo Pop Rua representa mais uma ação do Programa Recife Acolhe, cujo objetivo é reduzir os riscos sociais da população em situação de rua, contribuindo com a diminuição da desigualdade social na cidade.

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A pesquisa foi baseada não apenas na identificação das pessoas, mas principalmente na criação de vínculos entre os profissionais e as pessoas, que foram humanizadas em suas trajetórias e experiências, levando em consideração nome, cor, identidade/expressão de gênero, que ocupam lugares específicos da cidade, por razões particulares.

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De acordo com a secretária de Desenvolvimento Social, Direitos Humanos, Juventudes e Políticas sobre Drogas, Ana Rita Suassuna, o propósito do Censo é conhecer os que vivem em situação de rua no Recife para otimizar e ampliar os serviços prestados a essa população.

“A forma como o documento foi construído também foi muito importante, porque contou com a participação de profissionais e colaboradores que já tem a vivência com a população de rua, o que tornou o processo muito mais valoroso. O documento será essencial para agregar valor às nossas atividades e qualificar os nossos serviços”, reforçou Ana Rita.

Dentre diversas considerações, o Censo da População de Rua do Recife concluiu que as pessoas em situação de rua necessitam de um apoio material e humano, que os incentivem a superar as dificuldades, uma vez que, após uma longa permanência, é difícil reverter a condição.

Entretanto, o Censo também tem o propósito de disseminar a compreensão de que não há soluções simples para questões cuja complexidade foi tramada ao longo da história.

Todas as etapas do Censo foram construídas coletivamente por trabalhadores do Serviço Especial de Abordagem Social (SEAS) e do Consultório nas Ruas (CnaR), por pesquisadores da UFRPE e por representantes do Movimento Pop Rua e da sociedade civil organizada (OSC), totalizando pelo menos 60 colaboradores envolvidos.

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As reuniões para alinhar as metodologias da pesquisa se iniciaram em agosto de 2022, já o trabalho de recenseamento foi realizado entre os meses de setembro e outubro. Após a contagem, foi aplicado o formulário de pesquisa amostral sociodemográfica entre os meses de dezembro e janeiro, nas ruas da cidade durante à noite, nas unidades de acolhimento e nas quatro unidades do Centro Pop do município.

A população total recenseada foi de 1.806 pessoas. Dentre elas, 1.443 estavam nas ruas no momento da contagem e 363 estavam acolhidas em algum equipamento institucional.

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Os dados mostram um fato já conhecido pelas equipes de Abordagem Social, o de que a realidade das ruas é majoritariamente masculina, representando 76% das pessoas, quando as mulheres estão em 19%.

Os homens cisgêneros representam 75% da população em situação de rua, mas os números de mulheres cisgêneros e de mulheres trans são grandes e têm crescido, correspondendo a 25%. Em relação à raça e cor, constatou-se que cerca de 80% da população em situação de rua do Recife é composta por pretos e pardos.

O documento mostra que maior parte da população em situação de rua é composta por adultos em idade economicamente ativa (80%), mas há um percentual representativo de pessoas idosas (11%), crianças e adolescentes (4%), que fazem parte do grupo que vivencia maior vulnerabilidade e que estão sujeitos à proteção integral.

Em relação a tais critérios de vulnerabilidade, a pesquisa mostra que 26,5% das pessoas estavam nas ruas há menos de um ano, indicando uma condição adquirida. Aproximadamente 19% das pessoas vivem entre um e três anos nas ruas; 13% vivem entre três e cinco anos; e 35% vivem há mais de cinco anos na mesma situação.

Destaca-se ainda que 47% da população em situação de rua do Recife é resultante de fluxo migratório e, inclusive, um dos principais motivos que conduz as pessoas às ruas, de acordo com a pesquisa, são os conflitos familiares, como apontam mais de 50% dos casos.

Das 1.806 pessoas que fazem da rua local de moradia e sobrevivência, 35,5% afirmam estar em situação de rua há mais de cinco anos e 54,9% nunca deixaram de estar nesta condição desde que deixaram de viver em um domicílio.

Ainda segundo dados do Censo, 22% desse grupo não sabe ler e escrever convencionalmente. A maioria, cerca de 38%, largou a escola durante ou logo após concluir os anos finais do ensino fundamental.

Considerando os principais dados do Censo da População de Rua do Recife, a Prefeitura anunciou ainda o lançamento de novas iniciativas dentro Programa Recife Acolhe, uma vez que o documento passa a ser um produto que irá nortear as ações voltadas para a população em situação de rua. São elas:

O projeto piloto Moradia Primeiro Recife (inspirado em uma iniciativa mundial chamada “Housing First”) pretende ofertar 50 moradias permanentes para famílias em situação de rua que não aderem aos atuais modelos de acolhimento provisório e/ou que estejam nos acolhimentos há mais tempo.

A iniciativa será realizada pelo acesso imediato à moradia e com o acompanhamento de equipe técnica que responda às demandas apresentadas pelas pessoas, possibilitando uma oferta de serviços mais eficaz e de menor custo, como estratégia de superação da situação de rua.

Para além de uma ação do Recife Acolhe, o Moradia Primeiro também está inserido no eixo de inovação habitacional do Programa de Resiliência Urbana em Áreas de Vulnerabilidade Socioambiental (PROMORAR), com execução financiada pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

Outra iniciativa é a construção do Centro Popinho, uma unidade do Centro de Referência de Atendimento à População em situação de Rua (Centro Pop) destinada ao atendimento de crianças e adolescentes, entre 11 e 17 anos, que estejam dormindo nas ruas desacompanhados de adultos responsáveis.

Também foi anunciado o Programa Pão e Letra, que pretende promover ações educativas e comunicativas com a população em situação de rua do Recife, focadas em práticas de cuidado, alfabetização, letramento e promoção da cidadania. A iniciativa é mais uma parceria com a UFRPE, que atuará com equipe de educadores e de construção metodológica, enquanto a Secretaria Executiva de Assistência Social atuará na articulação das pessoas em situação de rua e na oferta de bolsa de estudos que garantam a permanência das pessoas atendidas no seu processo de formação e qualificação.