Deolane: familiares estavam pagando fãs para protestarem em presídio no Recife, diz desembargador
A influenciadora também está sendo acusada de obstruir a justiça e mobilizar a opinião pública para desviar a atenção dos fatos reais do processo.
12 SET 2024 • POR Everthon Santos • 18h10O desembargador Eduardo Guilliod Maranhão, responsável pela decisão, explicou os motivos que levaram ao indeferimento do habeas corpus e a manutenção da prisão preventiva de Deolane Bezerra.
Segundo o desembargador, a influenciadora teria violado as condições impostas pela Justiça ao se manifestar publicamente sobre o caso, contrariando uma das ordens judiciais que proibia tais declarações.
"Ao alegar que sofre abuso de autoridade sem apresentar provas substanciais, é claro que a investigada busca obstruir a justiça. Sua intenção parece ser mobilizar a opinião pública a seu favor, numa estratégia bem planejada para pressionar o sistema judicial e desviar a atenção dos fatos reais do processo. A presença da investigada em uma unidade prisional que ofereça um ambiente mais isolado e controlado é essencial para evitar perturbações e garantir a segurança e o bem-estar das outras detentas", diz trecho da justificativa.
O desembargador também apontou que, apesar de a Justiça ter tomado medidas para considerar a situação familiar de Deolane, sua conduta após sair do estabelecimento prisional demonstrou um claro desrespeito às medidas cautelares estabelecidas.
"Se a Paciente foi autorizada a deixar o cárcere, foi exclusivamente em consideração ao bem-estar de sua filha, de tenra idade, conforme determinado pelo Excelso Pretório. Contudo, a autoridade policial relatou que, mal saindo do estabelecimento prisional, a Paciente se manifestou publicamente sobre o processo na imprensa e postou uma mensagem em rede social que, de forma subliminar, remetia ao caso, desafiando as medidas cautelares impostas", explicou.
Por fim, o desembargador também relatou que familiares de Deolane Bezerra estavam financiando manifestações em frente a Colônia Penal do Recife, conhecida como Bom Pastor.
"Essa mobilização popular ficou ainda mais evidente quando a imprensa noticiou que familiares da Paciente estão financiando manifestações em frente ao cárcere. Lamento que a Paciente não tenha priorizado sua filha da mesma forma que a Justiça brasileira fez, mas, diante da gravidade dos fatos, considero acertada a decisão de decretar sua prisão preventiva, medida que, nas circunstâncias apresentadas, se mostra plenamente proporcional", finalizou.
Confira documento na íntegraA Associação dos Delegados de Polícia de Pernambuco (ADEPPE) emitiu uma nota de repúdio nesta terça-feira, 10 de setembro, contra as declarações da advogada e influenciadora Deolane Bezerra, que acusou o delegado Paulo Gondim de abuso de autoridade. Em resposta, a ADEPPE destacou que as alegações são infundadas e representam um desrespeito às funções da polícia. Além disso, a associação criticou o uso inadequado dos meios de comunicação por Deolane, que descumpriu medidas que permitiam o cumprimento da pena em regime domiciliar ao fazer declarações públicas logo após deixar a Colônia Penal Bom Pastor na última segunda-feira, 9 de setembro.
A nota da ADEPPE também informa que, após a violação das condições de sua liberdade provisória, a prisão de Deolane Bezerra foi novamente decretada nesta terça-feira, 10 de setembro. O pedido de prisão, feito pela DEPPE, resultou na revogação da decisão anterior que permitia a ela cumprir a pena em casa.
NOTA DE REPÚDIO DA ADEPPEA Associação dos Delegados de Polícia de Pernambuco vem a público expressar seu repúdio às declarações infundadas da advogada e influenciadora Deolane Bezerra, que acusou o delegado Paulo Gondim de abuso de autoridade no exercício de suas funções. Essas afirmações são inadmissíveis, especialmente vindo de uma profissional que conhece os limites legais e éticos de sua atuação.
Destacamos, ainda, o uso inadequado dos meios de comunicação por parte da advogada, em desrespeito ao termo de liberdade provisória, que proíbe expressamente o uso desses canais para qualquer finalidade que comprometa a ordem pública ou interfira em investigações em andamento. As declarações de Deolane Bezerra não apenas violam essa determinação, como também desrespeitam a autoridade judicial.
Diante desses fatos, a Associação dos Delegados de Polícia oficiará à 4ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), solicitando a revisão e, eventualmente, a revogação da liberdade provisória de Deolane Bezerra. É fundamental que as decisões judiciais mantenham seu caráter coercitivo, garantindo a prevalência da justiça e a preservação da ordem. Requeremos também a apuração, por meio judicial, de possíveis crimes previstos no art. 2º, §1º, da Lei 18.850 e crimes qualificados contra a honra.
A Associação reafirma seu compromisso com a legalidade e a justiça, apoiando integralmente o trabalho dos delegados de polícia, que atuam com integridade e dedicação em defesa da sociedade.
Associação dos Delegados e Delegadas de Polícia de Pernambuco, 10 de setembro de 2024.