Pesquisa

Dados revelam que 72% de TRANS e TRAVESTIS usam hormônios sem prescrição médica

Os fatores indicativos para este cenário mostram que o acesso aos acesso médicos e à assistência especializada estão em falta, além do receio de discriminações.

5 SET 2024 • POR Maria Carla Mazullo • 12h02
Dados revelam que 72% de TRANS e TRAVESTIS usam hormônios sem prescrição médica.   Arte montagem: Portal de Prefeitura.

Um estudo inédito publicado pela Revista Brasileira de Epidemiologia pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), revelou que mulheres trans e travestis estão usando hormônios em excesso. Os dados foram coletados com 1.317 participantes em cinco capitais brasileiras.

Dos participantes, 536 afirmaram fazer uso de hormônios, 381 (72%) não obtiveram a medicação por prescrição médica. Houve variação significativa entre as capitais, com São Paulo registrando 52,9% e Manaus alarmantes 94,7% de uso não prescrito.

Os fatores indicativos para este cenário mostram que o acesso aos acesso médicos e à assistência especializada estão em falta, além do receio de discriminações. A pesquisa acompanhou dados de 1.317 participantes de cinco capitais das cinco regiões brasileiras.

Além disso, existe o desejo de acelerar as transformações corporais, o que leva algumas pessoas a utilizarem doses inadequadas de hormônios.

A administração de hormônios sem acompanhamento médico pode levar a sérias consequências para a saúde a longo prazo. Os perigos incluem eventos tromboembólicos, como derrames cerebrais, entre outras complicações. Ainda que faltem estudos extensivos sobre os efeitos a longo prazo, desde 2008 o Sistema Único de Saúde (SUS) fornece hormônios para diminuir os riscos do uso não prescrito.

Estudos indicam a urgência de políticas públicas voltadas para essa população, ressaltando as significativas disparidades regionais no acesso a cuidados médicos especializados.

O Ministério da Saúde declarou ter 27 centros capacitados para servir a população trans, com suporte multiprofissional e cirurgias. Contudo, não revelou a localização desses centros. A pesquisa enfatiza a necessidade de prover atendimento apropriado e mitigar o consumo arriscado de hormônios sem receita médica.