Suspensão

Show de Wesley Safadão, contratado pela prefeitura do Ipojuca por R$ 900 mil, pode ser cancelado

O evento está previsto para acontecer no dia 28 de setembro, às vésperas das eleições municipais 2024.

3 SET 2024 • POR Fernanda Diniz • 18h02
Wesley Safadão e Céllia Sales.   Foto: Arte/Portal de Prefeitura

Foi protocolada uma representação no Ministério Público Eleitoral contra a realização de um show de Wesley Safadão, já contratado pela Prefeitura de Ipojuca, localizada na Região Metropolitana do Recife, para um evento que acontece no dia 28 de setembro.

De acordo com o site Jamildo.com, que confirmou no Portal da Transparência o empenho de recursos pela Prefeitura de Ipojuca para o pagamento à empresa que administra a carreira do cantor, o valor do cachê é de R$ 900 mil.

Segundo a Prefeitura, a gestão municipal justificou a contratação do show como parte da celebração da "Festa do Padroeiro São Miguel", que acontece no mês de setembro.

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No entanto, a representação afirma que, em 2023, a Prefeitura não havia realizado nenhuma celebração de grande porte para a Festa. A denúncia levanta a suspeita de que a contratação do show teria, supostamente, o objetivo de beneficiar um grupo político nas eleições municipais, marcadas para o dia 6 de outubro, poucos dias após o evento.

Shows suspenso pela justiça 

A Justiça Eleitoral de Pernambuco decidiu suspender a contratação do cantor Amado Batista para um show na cidade de Carnaubeira da Penha, no sertão do estado. A decisão, proferida pela juíza Letícia Caroline de Castro Cavalcante, da 69ª Zona Eleitoral de Mirandiba, foi baseada em uma liminar requerida pelo Ministério Público Eleitoral, que considerou a realização do evento como uma possível tentativa de influenciar o eleitorado às vésperas das eleições municipais de 2024.

O pedido de suspensão foi originado a partir de uma denúncia feita pelo procurador Cristiano Pimentel, do Ministério Público de Contas de Pernambuco (MPC-PE). O show estava agendado para o dia 1º de outubro, pouco antes do pleito municipal, o que, segundo o procurador, poderia ser interpretado como uma manobra para conquistar votos em favor do atual prefeito, Elízio Soares Filho, candidato à reeleição pelo PSDB.

O valor da contratação, que chegava a R$ 350 mil, também foi alvo de questionamentos. De acordo com o Ministério Público Eleitoral, a justificativa apresentada pela Prefeitura Municipal de que o show seria uma comemoração pela emancipação política da cidade não se sustentava, visto que em anos anteriores não houve festividades de tal magnitude para marcar a data. 

Por isso, o assunto reforçou as suspeitas da Justiça de que o evento poderia estar sendo utilizado como uma ferramenta de promoção política, algo que é vedado pela legislação eleitoral.

Ao acatar a representação do MPC-PE, o promotor eleitoral responsável pelo caso solicitou uma liminar para impedir a realização do show, medida que foi prontamente deferida pela juíza Letícia Cavalcante. Na sua decisão, a magistrada não apenas proibiu a realização do evento, mas também estabeleceu uma multa de R$ 350 mil caso a determinação fosse desobedecida.

A proibição se estendeu a todos os agentes públicos envolvidos na atual administração municipal. A decisão inda cabe recurso ao Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco.