Opinião

Lula: 'governo de Maduro na Venezuela não é uma ditadura'

O presidente classificou o regime como "muito desagradável" e com um "viés autoritário".

16 AGO 2024 • POR Everthon Santos • 13h43
Nicolás Maduro e Lula.   Foto: Divulgação

Em entrevista à Rádio Gaúcha, de Porto Alegre, nesta sexta-feira, 16 de agosto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) falou sobre o governo de Nicolás Maduro na Venezuela.

Lula classificou o regime venezuelano como "muito desagradável" e com um "viés autoritário", mas evitou falar o nome "ditadura".

O presidente reconheceu o caráter autoritário do governo chavista, mas fez questão de falar que é diferente das "ditaduras tradicionais" que marcaram a história mundial.

"Não acho que é ditadura. É diferente de uma ditadura. É um governo com viés autoritário, mas não é uma ditadura, como a gente conhece tantas ditaduras nesse mundo", afirmou. A fala veio em um contexto de críticas internacionais ao regime de Maduro, que é frequentemente acusado de reprimir a oposição e de comprometer a democracia no país.

Durante a entrevista, Lula também comentou sobre as eleições venezuelanas ocorridas em 28 de julho, destacando que o processo eleitoral transcorreu "sem grandes incidentes". Em uma comparação com o processo eleitoral brasileiro de 2022, no qual venceu, Lula mencionou que na Venezuela não houve interferências como as operações da Polícia Rodoviária Federal (PRF) que, segundo ele, teriam dificultado o acesso dos eleitores às urnas no Brasil.

O presidente brasileiro também abordou a questão da ausência de observadores internacionais nas eleições venezuelanas. Lula disse que Maduro tentou impedir a presença do assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, embaixador Celso Amorim, no país durante o pleito.

Segundo o petista, foi necessário um aviso firme de que tal proibição seria divulgada à imprensa para que o governo venezuelano permitisse a entrada de Celso Amorim.

“É só ruim para Maduro. Quando o Celso Amorim foi viajar para a Venezuela, eu fui informado que eles tinham pedido para o Celso Amorim não ir para a Venezuela. Então, eu mandei comunicar a eles que, se o Celso Amorim não pudesse ir para a Venezuela, eu comunicaria à imprensa que a Venezuela estava impedindo o Celso Amorim. Aí, eles deixaram”, explicou.

Além disso, Lula voltou a enfatizar a importância da transparência no processo eleitoral venezuelano, pedindo a divulgação das atas das eleições. O presidente indicou que ainda aguarda a decisão do Tribunal Superior de Justiça (TSJ) da Venezuela sobre o resultado das urnas.

Embora tenha questionado a declaração de vitória de Maduro, Lula também criticou a oposição venezuelana por não apresentar documentos que comprovem uma possível vitória.

"O que eu estou pedindo para poder reconhecer o resultado? Eu quero pelo menos saber se foi verdade os números. Cadê a ata? Cadê a aferição das urnas?", concluiu.