Preocupação

PCC e CV: expansões internacionais afetam relações do Brasil com outros países, aponta Abin

O Governo Federal alertou que o vazamento de informações sobre as facções, poderia comprometer as operações de inteligência.

12 AGO 2024 • POR • 14h00
Fernandinho Beira-Mar e Marcola.

A crescente expansão internacional do Primeiro Comando da Capital (PCC) e do Comando Vermelho (CV), as duas maiores facções criminosas do Brasil, tem gerado grande preocupação entre as autoridades brasileiras.

O principal temor é o impacto potencial nas relações diplomáticas do Brasil com países vizinhos, conforme apontado em um documento produzido pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

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Risco de vazamento de informações sigilosas

A Abin teme que o vazamento de informações confidenciais sobre a atuação dessas facções na rota da cocaína possa abalar as relações diplomáticas.

A maior parte da droga vem da Bolívia, onde é considerada "mais pura", e da Colômbia. No entanto, as facções também utilizam outras nações da América do Sul como ponto de entrada para a droga no Brasil.

Para proteger as relações diplomáticas e a segurança dos agentes infiltrados nesses países, a Abin adotou uma nova política de sigilo, mantendo até mesmo relatórios desclassificados em segredo.

A agência destacou que PCC e CV têm um histórico de executar agentes públicos, incluindo federais, e que uma dessas organizações possui "larga envergadura e potencial econômico considerável". Essa medida foi apoiada pela Secretaria-Executiva da Casa Civil da Presidência da República.

Preocupação com a Segurança Nacional

O Governo Federal alertou que o vazamento de informações sobre o PCC e o CV poderia comprometer as operações de inteligência e os métodos técnicos utilizados para monitorar essas facções.

O crime organizado, especialmente a atuação dessas duas facções, é atualmente uma das principais ameaças à segurança da sociedade e do Estado brasileiro.

Atuação do PCC e CV na América do Sul

Na América do Sul, PCC e CV operam principalmente na Bolívia e na Colômbia, ambos grandes produtores de cocaína. Na Colômbia, as facções mantêm relações com ex-membros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).

Fernandinho Beira-Mar, líder do CV, foi capturado pelo Exército colombiano em 2001, destacando a longa conexão entre o CV e a Colômbia.

Expansão e controle de rotas de tráfico

As autoridades brasileiras identificaram que a cocaína colombiana que abastece essas facções entra no Brasil pelo Rio Vaupés, na fronteira entre os dois países, e segue até o Amazonas, onde é distribuída.

O PCC tem consolidado seu domínio na região de Putumayo, na Colômbia, expandindo suas operações para o Equador e abrindo rotas de tráfico pelo Oceano Pacífico, ampliando seus negócios com a Ásia.

Importância da Bolívia nas operações do PCC

A importância da Bolívia nas operações do PCC foi evidenciada pela prisão de Elvis Riola de Andrade, conhecido como "O Cantor", um dos principais assassinos do PCC, em janeiro deste ano em Santa Cruz de la Sierra.

As facções, assim como o cartel mexicano Los Zetas, operam na Bolívia em parceria com clãs locais, conhecidos como "famílias" de traficantes, que têm influência em todo o país.