Análise

Haddad: "nós esperávamos,que houvesse alguma mexida na inflação deste ano"

O Ministro da Fazenda também destacou que é preciso ter “cautela” para verificar os dados da alta de preços.

10 AGO 2024 • POR • 15h32
Fernando Haddad, ministro da Fazenda.

Questionado sobre o resultado do IPCA em julho (que fechou em alta de 0,38%), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta sexta-feira, 9, esperar que os números desacelerem nos próximos meses e que já houve uma "queda significa" do dólar nos últimos dias, o que deve tirar a pressão sobre os preços. Ele disse ainda que é preciso ter "cautela" ao analisar os dados da inflação.

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Puxado pelos reajustes dos preços da gasolina, passagens aéreas e energia elétrica, o IPCA acelerou de uma alta de 0,21%, em junho, para um avanço de 0,38% no mês passado, informou ontem o IBGE.

Como consequência, a taxa acumulada em 12 meses subiu pelo terceiro mês consecutivo, chegando a 4,50% em julho, alcançando, assim, o teto de tolerância da meta de inflação perseguida pelo Banco Central em 2024 - o centro da meta é de 3%.

Haddad acrescentou que novas ações agora do BC em relação aos juros não vão afetar a inflação corrente, mas a de 2026.

Mudança de tom

O BC já disse que "não hesitará" em elevar a taxa de juros "para assegurar a convergência da inflação à meta se julgar apropriado". A mensagem apareceu na ata referente à última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que terminou com a manutenção da Selic em 10,5% ao ano.

A mudança de tom levou parte dos agentes de mercado a reconhecer que o comitê deixou uma porta aberta para uma possível elevação do juro à frente, como citaram casas como Bradesco e Itaú Unibanco, enquanto a XP Investimentos avaliou que a chance de alta da Selic "está subindo". Ainda assim, a estimativa predominante no mercado é de manutenção dos juros no atual patamar até o fim do ano.

De acordo com o documento, a avaliação do BC é de que a política monetária se manterá contracionista por tempo suficiente em patamar que não só consolide o processo desinflacionário, como também a ancoragem das expectativas (ou seja, até que as estimativas do mercado fiquem mais próximas das metas oficiais)

Campos Neto ressaltou ainda a importância de proteger a credibilidade do BC com decisões técnicas, para além de questões políticas.

Estadão Conteúdo