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Morre aos 88 anos, J. Borges, xilogravurista pernambucano, na manhã desta sexta (26)

Considerado Patrimônio de Pernambuco, o artista se interessou pela literatura de cordel e pela arte ainda jovem.

26 JUL 2024 • POR • 08h41
J. Borges.

Morreu, na manhã desta sexta-feira, 26 de julho, o xilogravurista pernambucano J. Borges, aos 88 anos.

Segundo Pablo, filho do artista, Borges morreu por volta das 6h da manhã, em casa, onde morava na cidade de Bezerros, Agreste de Pernambuco, de "causas naturais".

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Considerado Patrimônio de Pernambuco, Borges só frequentou a escola por dez meses, aos 12 anos.

Ainda jovem se interessou pela literatura de cordel.

José Francisco Borges

Ainda criança, escutava histórias de ninar de seu pai agricultor, quando se apaixonando pela poesia rítmica dos cordéis.

“O cordel nasceu em mim quando criança. Eu me divertia muito ouvindo meu pai lendo os folhetos que ele trazia da feira. A imaginação da gente corria solta.” disse Borges.

Passou por muitas profissões, artesão, oleiro, carpinteiro, pintor de parede, mas encontrou a verdadeira a em aptidão nos folhetos.

Aos oito anos de idade já estava na lavoura e, aos dez, vendia na feira da cidade colheres de pau que ele mesmo produzia.

Em 1956, aos 21 anos, decidiu ser vendedor de cordéis e em 1964, escreveu o seu primeiro cordel original: "O Encontro de Dois Vaqueiros no Sertão de Petrolina", com capa ilustrada pelo mestre cordelista e xilogravurista Dila (José Soares da Silva). O cordel teve cinco mil exemplares vendidos em apenas dois meses.

A xilogravura é uma técnica datada da idade média, onde o artista talha o desenho na madeira e a partir dela, da matriz, com a utilização de tinta, o desenho esculpido é marcado no papel, como um carimbo.

O desempenho estimulou o artista a produzir, no ano seguinte, o segundo cordel, "O Verdadeiro aviso de Frei Damião sobre os Castigos que vêm", com o qual se iniciou na técnica da xilogravura.

Com pouco dinheiro disponível, J.Borges criou o desenho da capa, que trazia a fachada da igreja matriz de Bezerros, numa tentativa de reproduzir a igreja de Juazeiro (CE) onde Frei Damião pregava.