"A gente vai tirar a comunicação", diz secretário sobre bloqueador de celular que será implantado em presídios de Pernambuco
29 FEV 2024 • POR • 11h02O Governo de Pernambuco voltou a estudar o uso de bloqueadores de celulares, com o intuito de impossibilitar a comunicação de detentos com membros de facções criminosas. A informação foi revelada com exclusividade da coluna de Segurança, de Raphael Guerra do JC, em entrevista com o secretário.
O assunto vem à tona 10 anos após testes, que falharam, feitos no Complexo Prisional do Curado, na Zona Oeste do Recife. A coluna entrevistou o secretário Paulo Paes, que é policial penal desde 2002, esteve a cargo da direção de unidades prisionais do Estado e ficou à frente Gerência de Inteligência da antiga Secretaria Executiva de Ressocialização.
Paes, que atualmente é o secretário de Administração Penitenciária e Ressocialização, confirma as negociações para o recebimento da tecnologia, nas unidades prisionais.
"Até como policial penal me incomoda saber que há presos comandando de dentro das unidades prisionais. A gente vai tirar a comunicação. A gente sabe da dificuldade do telefone celular, da questão dos arremessos, que são diários, constantes. Há unidades em que a pessoa passa de moto e faz um arremesso. Por isso, estamos vendo a questão dos bloqueadores de telefone. Isso já está em construção com algumas unidades do Estado", disse.
Em análise, o secretário se inspirou na tecnologia, que já é utilizada no município de Goiás, abrindo a possibilidade para o uso no sistema prisional de Pernambuco.
"Eu vi em Goiás um exemplo exitoso. Vou mandar uma equipe ao Estado para avaliar a ressocialização e também como é realizado o bloqueio. Pretendemos avançar o mais breve possível", pontuou o gestor.
Em decorrência dos casos envolvendo o tráfico de drogas em Itamaracá, Litoral Norte de PE, que acarretou no assassinato de crianças no mês de fevereiro, revelou a falta de segurança dentro dos ambientes prisionais.
Sobre os bloqueadores de celulares
A ferramenta, que tem origem indiana, foram testados no Complexo Prisional do Curado em 2014. Na época, o Governo Estadual informou a aquisição de 85 pares de antenas, para 3 presídios do Complexo.
No entanto, a experiência falhou e moradores de Tejipió reclamara de problemas na falta de sinal. Por outro lado, a gestão pernambucana percebeu que parte dos detentos continuava com comunicação normal.
Isolamento de líderes de organizações criminosas
Em setembro de 2023, o Governo de PE transferiu os líderes de facções para um ambiente de isolamento. A ação tinha como objetivo, avançar no combate ao crime organizado e reduzir as mortes violentas intencionais. Paes comenta a efetividade da medida na entrevista à coluna.
"A gente traçou alguns perfis de presos no Estado para que a gente deixasse eles sem comunicação. Hoje nós já conseguimos fazer o isolamento de 243 (desse total, 127 líderes de facções). Eu consegui colocar duas unidades prisionais dentro desse procedimento, com efetivo necessário, para fazer o trabalho. Como diz a história: tirar a chave da mão do preso. Estou com nessa unidade há três meses fazendo revista e não encontro celular", afirmou o secretário Paulo Paes.
Da redação do Portal com informações da coluna de Raphael Guerra, do Jornal do Commercio.