Recentemente uma parceria da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos, juntamente com o Patronato Penitenciário, realizou cursos de qualificação profissional para um público bem diferenciado recentemente. Trata-se de 225 reeducandos do regime aberto e livramento condicional. A iniciativa tem como objetivo capacitá-los para o mercado de trabalho. A oportunidade da participação na economia, através da nova profissão aprendida, também contribui para diminuir a reincidência em atos criminosos. Segundo a Lei de Execuções Penais, ocorre a reincidência “quando o agente comete novo crime depois de transitar em julgado a sentença que, no país ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior”. Esse dispositivo refere-se ao indivíduo que volta ao mundo do crime. Entre as razões elencadas para tal, encontra-se a dificuldade de inserir-se no mercado de trabalho. Essa dificuldade pode ser a de não se ter uma profissão específica, ou pela incerteza de ser contratado a despeito de já ter “pago o que devia” à Justiça. A natureza de alguns cursos de qualificação pode facilitar, objetivamente, a reinserção profissional de um reeducando. Há ensinamentos que podem auxiliar o indivíduo a ter uma renda financeira, sem precisar, necessariamente, estar contratado por um patrão. É o caso dos profissionais autônomos. De qualquer forma, cumpre ao reeducando ter a consciência da oportunidade a que foi exposto. Se ele apreender isso, pode, com esperança – e com uma ferramenta profissional importante -, usar o que aprender para exercer sua cidadania da melhor forma possível. Não acreditamos que a maioria das prisões do Brasil estejam lotadas de gente “irrecuperável”. A questão da reeducação é bem mais ampla do que estamos falando aqui. Há uma complexidade enorme de fatores envolvidos no assunto. Contudo, acreditamos que qualquer indivíduo, seja dentro de qual conjuntura ou espaço estiver confinado, pode mudar o rumo da sua história social. A questão é escolher mudar. Quem escolhe mudar, consegue enxergar rotas em oportunidades que outros nem mesmo notam como tal. A despeito da crise política, econômica e social que assola o país, ainda há pessoas usando as instituições de forma republicana para mudar vidas. Acreditamos que a Esperança é a Regra. A Esperança no país, nas pessoas, na mudança que provêm de pontos que parecem ser pontos finais. Isso porque, pontos finais podem se tornar começos – ou recomeços. A Esperança não deve nos tornar ingênuos. Devemos usar a Esperança e investi-la nas pessoas. Aqui no Portal, nosso desejo é fazer com que a Esperança reviva através do conhecimento do que se faz de bom na gestão pública política. Há problemas institucionais sérios a enfrentar no país? De fato, há. Mas, por outro lado, há, dentro de instituições gente que investe na expectativa de transformar vidas. Muitas vezes, atrás de uma iniciativa política, muitos não enxergam a quantidade de pessoas que investem seu tempo, esforço e fé no próximo. Precisamos treinar mais o nosso olhar para perceber quando isso acontece. Acreditamos que fazê-lo, faz parte de um ato de educar-se politicamente.Tire a desesperança do seu vocabulário. Acredite na Vida. Acredite nas pessoas. É provável que muitos indivíduos passem pela sua vida, mas a chance de a maioria ser socialmente “irrecuperável” é, realisticamente, bem remota. Por isso, acredite que o Brasil possui instituições que investem nas pessoas. Acredite num futuro melhor, e, no que depender de você – funcionário público, privado, gestor político ou não -, faça o seu melhor pelas pessoas. Isso é tudo o que o Brasil anda precisando ultimamente.