Internacional

João Campos 35,1%, Marília Arraes 35%, diz pesquisa do site EL PAÍS

Há uma fratura na esquerda brasileira, que deve repercutir em 2022. Os protagonistas desse embate são dois jovens que disputam o segundo turno da eleição no Recife. De um lado, João Campos (PSB), defensor de uma hegemonia que dura 14 anos no cenário pernambucano e oito na capital do Estado.

De outro, Marília Arraes (PT), a desafiante, que rompeu com parte da família, tenta se tornar uma liderança e a primeira prefeita da cidade. Ambos são jovens ―ele tem 27 e ela, 36―, estão no primeiro mandato como deputados federais e são herdeiros do ex-governador Miguel Arraes (PSB), considerado um ícone entre os democratas pernambucanos. Marília é neta e João é bisneto.

A petista é filha de Marcos, um dos filhos de Miguel Arraes. O pai de João, o ex-governador e ex-presidenciável Eduardo Campos (PSB), é filho de Ana Arraes, outra filha de Miguel, ou seja, irmã de Marcos.

Esta é uma eleição de mágoa e ressentimento familiar em que Ana Arraes, a avó paterna de João ―e ao mesmo tempo, tia de Marília― e também conselheira do Tribunal de Contas da União, já teve de pedir para que as memórias dos mortos (Miguel e Eduardo) fossem respeitadas. A fala acabou sendo explorada na campanha de Marília na sexta-feira.

Depois da repercussão negativa, Ana disse que a declaração dada em uma entrevista em 2019 foi tirada de contexto. É uma disputa com tons shakespearianos, mas que coloca acima de tudo o confronto de dois grupos políticos que uma hora estão juntos, na outra, separados.

Agora, esta separação é reforçada por uma série de duros ataques pessoais. O pai de João, Eduardo Campos, morreu num acidente trágico em plena eleição presidencial de 2014, durante a queda de um avião no litoral de São Paulo.

Como efeito prático, o embate PT x PSB no Recife deve selar mais uma separação das duas siglas para as disputas do Governo do Pernambuco e da Presidência, daqui a dois anos. Neste cenário, haverá uma avenida a ser preenchida pela direita, que, mesmo se dispersando em cinco candidaturas que se autoflagelavam, conseguiu reunir 43,11% dos votos no primeiro turno.

Os principais representantes deste grupo foram Mendonça Filho (DEM) e Delegada Patrícia (Podemos). Chamada por alguns de “a capital do Nordeste”, Recife é a nona maior cidade brasileira, terceira nordestina, com 1,6 milhão de habitantes.

Outra pesquisa, do instituto Datafolha, divulgada nesta quinta-feira, mostra que os dois candidatos estão tecnicamente empatados na disputa pela preferência do eleitorado, com uma leve vantagem para Marília. Ela tem 52% das intenções de votos válidos. João, 48%. Na terça-feira, outro instituto, o Ibope, apontava que a vantagem numérica era de João: 51% a 49%. As vantagens estão dentro margem de erro dos dois levantamentos, que é de três pontos percentuais para mais ou para menos. Como as pesquisas são feitas por empresas distintas com metodologias diferentes, não podem ser comparados. 

Fonte: El PAIS