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Ministro da Defesa minou TSE no Congresso após reunião com Bolsonaro

12 de fevereiro de 2024 às 13:32

Um dia após a reunião que se tornou prova de um planejamento de golpe de Estado durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, foi à Câmara dos Deputados para levantar suspeitas sobre a integridade das urnas eletrônicas diante de parlamentares.

Uma semana depois, o ex-ministro voltou à carga e também visitou o Senado, onde anunciou um plano de "votação paralela" em papel para, segundo ele, aumentar a lisura das eleições de 2022.

Na reunião com Bolsonaro no Palácio do Planalto, realizada no dia 5 de julho de 2022, Nogueira disse que estava utilizando as Forças Armadas para questionar a atuação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), como forma de garantir a reeleição de Bolsonaro

Em outro momento da reunião, o ex-ministro classificou o TSE como um "inimigo" e assumiu que instrumentalizou as Forças Armadas para questionar a condução do processo eleitoral.

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Paulo Sérgio Nogueira foi um dos alvos da Operação Tempus Veritatis da Polícia Federal (PF), deflagrada na quinta-feira, 8 de fevereiro, o ex-ministro foi alvo de busca e apreensão e está proibido de deixar o País.

Ministro Nogueira foi ao Congresso anunciar planos de fiscalização e votação paralelas

No dia 6 de julho, Nogueira participou de uma audiência pública na Comissão de Relações Exteriores (CRE) da Câmara. O evento foi destinado para que o ministro expusesse as prioridades da pasta para o ano de 2022 e também falasse sobre os reforços nas fronteiras brasileiras.

Porém, em diversas ocasiões, ele aproveitou para falar sobre a necessidade da participação das Forças Armadas na fiscalização e "aperfeiçoamento" das urnas, alegando que os militares assumiram essa missão à convite do TSE.

Diferentemente da postura adotada no dia anterior, onde tratou o tribunal como "inimigo" na "linha de contato", Nogueira adotou um tom mais brando, afirmando que a Defesa estavam apenas colaborando com a lisura do processo eleitoral. Mas seu discurso estava recheado de recados para minar a atuação da corte e por em dúvida a segurança do processo de votação e apuração comandando pelo TSE.

Em um momento da audiência pública, o ex-ministro disse aos deputados que não havia um programa imune a ataques e usou um cartão de crédito clonado da sua mulher como um exemplo.

Nogueira também anunciou que as Forças Armadas planejavam fazer um plano de fiscalização paralela para as eleições. O anúncio ocorreu após a Defesa enviar 88 perguntas questionando a funcionalidade das urnas para o TSE em maio.

Na audiência, após ouvir o general Paulo Sérgio, levantar suspeitas sobre a urna eletrônica, integrantes da oposição ao governo Bolsonaro reagiram. A ex-deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC) disse que não caberia às Forças Armadas discutir a integridade das urnas eletrônicas.

Já o deputado federal Arlindo Chinaglia (PT-SP) afirmou que a fala do ex-ministro sobre a necessidade de um "aprimoramento contínuo" do sistema parecia "uma provocação".

Na audiência da Câmara, Paulo Sérgio estava acompanhado dos comandantes das três forças: Marco Antônio Freire Gomes (Exército), Carlos Almeida Baptista Junior (Aeronáutica) e Almir Garnier Santos (Marinha).

Garnier também foi alvo da Tempus Veritatis na última quinta e foi delatado pelo ex-ajudante de ordens da Presidência tenente-coronel Mauro Cid como adesionista a um plano de golpe após a derrota de Bolsonaro nas eleições.

Em 14 de julho de 2022, nove dias após a reunião ministerial, Nogueira apresentou uma proposta de votação paralela nas eleições com cédulas de papel no Senado.

A proposta seguia discursos de Bolsonaro. Segundo o ministro da Defesa, buscava servir como um "teste de integridade" das urnas eletrônicas, fiscalização que já era feita pelo TSE em outros moldes.

Em novembro do ano passado, o TSE decidiu, por unanimidade, retirar as Forças Armadas das entidades que participam da fiscalização das urnas.

Gilmar Mendes disse que TSE sofreu 'assédio' de Nogueira

Em outubro do ano passado, o decano do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, afirmou que o TSE sofreu um assédio por parte do ex-chefe da Defesa.

Segundo o magistrado, Nogueira enviava todos os dias cartas ao ministro do STF Edson Fachin que, entre fevereiro e agosto de 2022, presidiu o TSE.

Estadão Conteúdo

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