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Lula participa de Cúpula da Brics por vídeo, critica guerras e faz apelo sobre mudanças climáticas

O presidente não pôde comparecer presencialmente devido à queda que sofreu no banheiro no último sábado, 19 de outubro.

23 de outubro de 2024 às 08:08   - Atualizado às 09:37

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou virtualmente da reunião presidencial da Cúpula do Brics, realizada em Kazan, na Rússia, nesta quarta-feira, 23 de outubro. O petista, que inicialmente planejava comparecer ao evento presencialmente, precisou cancelar a viagem após sofrer uma queda no banheiro do Palácio da Alvorada no último sábado (19). A queda resultou em um ferimento na nuca, exigindo levar cinco pontos.

A reunião foi coordenada pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin, que atualmente ocupa o comando rotativo do bloco, posição que será assumida pelo Brasil em 2025, e o chefe do Executivo brasileiro fez um discurso breve, com pouco mais de sete minutos.

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Em seu discurso, Lula abordou temas recorrentes em suas participações em fóruns internacionais. Ele destacou a importância de combater as mudanças climáticas, defendeu a taxação das grandes fortunas, o conhecido como "super-ricos", e o combate à fome, criticou as guerras no Oriente Médio e no Leste Europeu, pediu pela democratização do acesso a vacinas e à inteligência artificial, e reiterou seu apoio à criação de uma moeda comum para o Brics, que facilitaria as transações comerciais entre os países do bloco sem a necessidade de recorrer ao dólar.

Sobre a questão climática, Lula afirmou que o Brics tem um papel crucial no cumprimento das metas do Acordo de Paris, enfatizando que os países ricos possuem a maior responsabilidade por suas emissões históricas, mas que os países emergentes também devem fazer sua parte. Ele mencionou que o Brasil sediará a Cúpula do Clima (COP) em 2025, na cidade de Belém, e reiterou que os compromissos assumidos no Acordo de Paris precisam ser cumpridos com urgência.

"Não há dúvida de que a maior responsabilidade recai sobre os países ricos, cujo histórico de emissões culminou na crise climática que nos aflige hoje. É preciso ir além dos 100 bilhões [de dólares] anuais prometidos e não cumpridos. E fortalecer medidas de monitoramento dos compromissos assumidos. Os dados da ciência exprimem um sentido de urgência sem precedentes. O planeta é um só, e seu futuro depende da ação coletiva. Também cabe aos países emergentes fazer sua parte".

Lula também aproveitou a ocasião para promover as iniciativas da presidência brasileira no G20, destacando a importância da taxação das grandes fortunas como forma de reduzir as desigualdades globais e a criação de uma Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, que já está em fase avançada de adesões. Ele convidou os membros do Brics a se unirem a essa iniciativa.

"Quero agradecer o apoio que os membros do grupo têm estendido à presidência brasileira do G20. Seu respaldo foi fundamental para avançar em iniciativas que são fundamentais para a redução das desigualdades, como a taxação dos super-ricos. Nossos países implementaram nas últimas décadas políticas sociais exitosas, que podem servir de exemplo para o resto do mundo."

Ao comentar sobre os conflitos no Oriente Médio e na Europa Oriental, Lula criticou as respostas militares de Israel e ressaltou a necessidade de negociações de paz tanto no conflito entre Israel e o Hamas quanto na guerra entre Rússia e Ucrânia. Ele ressaltou que a presidência brasileira do Brics, em 2025, terá como objetivo fortalecer a cooperação entre os países do Sul Global e promover uma governança internacional mais inclusiva e sustentável.

"Como disse o presidente Erdogan na Assembleia Geral da ONU, Gaza se tornou o maior cemitério de crianças e mulheres do mundo. Essa insensatez agora se alastra para Cisjordânia e para o Líbano. Evitar uma escalada e iniciar negociações de paz também é crucial no conflito entre Ucrânia e Rússia."

No que diz respeito à tecnologia, Lula defendeu a necessidade de ampliar o acesso a vacinas e a tecnologias como a inteligência artificial, afirmando que não se pode permitir que essas inovações se tornem privilégios de poucos. Ele destacou a importância de marcos regulatórios globais que garantam a equidade no acesso a essas tecnologias.

"Não podemos aceitar a imposição de 'apartheids' no acesso a vacinas e medicamentos, como ocorreu na pandemia, nem no desenvolvimento da inteligência artificial, que caminha para tornar-se privilégio de poucos. Precisamos fortalecer nossas capacidades tecnológicas e favorecer a adoção de marcos multilaterais não excludentes, em que a voz dos governos prepondere sobre interesses privados."

Por fim, Lula elogiou o trabalho do Novo Banco de Desenvolvimento, liderado por Dilma Rousseff, e sugeriu que os países do Brics avancem na criação de meios alternativos de pagamento para suas transações comerciais, destacando que essa iniciativa é crucial para a consolidação de uma ordem multipolar no sistema financeiro internacional.

"Agora é chegada a hora de avançar na criação de meios de pagamento alternativos para transações entre nossos países. Não se trata de substituir nossas moedas, mas é preciso trabalhar para que a ordem multipolar que almejamos se reflita no sistema financeiro internacional. Essa discussão precisa ser enfrentada com seriedade, cautela e solidez técnica, mas não pode mais ser adiada."

 

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