Obstáculo

Chapa com Ciro Gomes e Marina Silva esbarra em marqueteiro de campanha e na negociação de federação partidária entre Rede e PSOL

A possibilidade de união entre os ex-ministros Ciro Gomes (PDT) e Marina Silva (Rede) nas eleições presidenciais em 2022 movimentou as redes sociais nos últimos dias, mas a negociação enfrenta uma série de entraves.

Mesmo com os elogias públicos à ex-ministra, não houve nenhum convite formal para que ela possa avaliar a possibilidade de ser vice. Outro ponto é que a Rede avalia a possibilidade de se unir ao PSOL numa federação, e o partido de Guilherme Boulos deve apoiar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Mas, a maior dificuldade, é o fato de o marqueteiro João Santana integrar a equipe de Ciro. Na eleição presidencial de 2014, Marina, que concorria pelo PSB e chegou a ter chances de ir para o segundo turno, foi alvo de propagandas produzidas por Santana, responsável pela comunicação da campanha à reeleição da então presidente Dilma Rousseff.

Um dos vídeos do horário eleitoral petista falava sobre a proposta de Marina de promover a independência formal do Banco Central. No vídeo, a consequência era a retirada de comida da mesa de trabalhadores. No final, Marina acabou em terceiro lugar.

Presidente do PDT, Carlos Lupi, afaga Marina, minimiza o episódio com Santana e avalia que é possível “aparar as arestas”. No entanto, sugere que Ciro não abriria mão do marqueteiro:

“Ele (Santana) não é o candidato. Candidato é o Ciro. Em política não existe isso (abrir mão do João Santana). Tem que aparar as arestas, afinar a viola”, afirma Lupi. “A Marina é uma mulher guerreira, que tem uma imagem muito positiva. Para o Ciro, é muito bom. Ele (Ciro) gosta dela, tem excelente relação. É um nome muito bem-vindo. Tem que ver se ela topa. É uma construção”, concluiu.

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Aliados de Marina acreditam que, caso haja mesmo um convite, ela e Ciro devem conversar sobre a participação de Santana. Presidente nacional da Rede, a ex-senadora Heloísa Helena adota cautela sobre uma composição e sinaliza que é preciso definir antes a questão da federação.

“Sobre a campanha presidencial, temos conversado com Lupi e o PDT e também acompanhado bastante o debate programático que Ciro corretamente tem apresentado, mas compor chapa presidencial é bem mais complexo, especialmente agora”, disse a dirigente.

Em entrevistas recentes, Marina tem destacado que respeita o projeto de Ciro para o país, mas não disfarça seu incômodo com a presença de Santana ao lado do pedetista.

“A violência política, que é uma das estratégias mestras do João Santana, não é base de construção de absolutamente nada”, disse a ex-senadora.