Proposta

Vereadores do Recife planejam adiar o Carnaval 2022 do mês de fevereiro para abril ou julho do mesmo ano por conta da pandemia de Covid-19

Uma comissão de vereadores do Recife articula uma proposta para adiar a comemoração do Carnaval de 2022 na cidade devido à pandemia de Covid-19.

A Casa criou no início de dezembro uma comissão com sete parlamentares para ouvir artistas, representantes de hotéis e do comércio, a população e profissionais de saúde sobre a viabilidade de realização a celebração.

Em 2022, o Carnaval está marcado para acontecer entre 26 de fevereiro (sábado) e 1º de março (terça-feira). No entanto, por causa da pandemia, o cenário ainda é de indefinições. Ao lado da vizinha Olinda, a capital pernambucana tem uma das comemorações mais tradicionais do país.

Diante disso, ganha força nos bastidores da Câmara do Recife a tese de propor ao prefeito João Campos (PSB), que tem a palavra final sobre a festividade, o adiamento do Carnaval para abril ou julho do próximo ano.

A transferência de data é defendida pelo presidente da comissão especial para acompanhamento do Carnaval, o vereador Marco Aurélio Filho (PRTB).

“O Carnaval é a grande apoteose de tudo que a gente representa. Se a gente fala em cancelar, estamos dizendo não a toda a cadeia artística, produtiva e cultural envolvida. O melhor caminho é buscarmos o adiamento conjunto com outras cidades, enquanto avançamos na vacinação e entendemos mais novas variantes do coronavírus”, afirmou o parlamentar.

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“Acredito que colocar dois meses para frente é uma data plausível. Mas tem que ser um adiamento conjunto com as outras cidades de grandes carnavais”, acrescenta.

Marco Aurélio Filho será o responsável pela elaboração de um parecer que será enviado ao prefeito. Ele também defende que o cancelamento do feriado na terça de Carnaval, para evitar que pessoas saiam às ruas festejando.

Para que o plano dê certo, porém, os vereadores esperam que a decisão de adiar o Carnaval seja tomada conjuntamente também por Salvador, Rio, São Paulo e Belo Horizonte –as prefeituras das quatro cidades e mais a do Recife criaram uma comissão para debater o assunto.

A hipótese de adiamento coletivo foi levantada na semana passada pelo próprio Campos.

“Adiar na minha avaliação é o melhor dos mundos, porque conseguiríamos garantir a renda da população que vive da renda, o brasileiro precisa de um momento de catarse que é um Carnaval, inclusive para traçar um plano para intensificar a campanha de vacinação, com descentralização dos pontos de imunização nas cidades”, avalia o médico infectologista Bruno Ishigami.

Para ele, a realização do Carnaval só seria possível se pelo menos 90% da população brasileira tivesse completado seu primeiro ciclo de imunização –ou seja, tomado a dose única da Janssen ou duas doses de outro fabricante. Atualmente, esta taxa é de 64,3%.

“A Covid é uma doença que a gente tem como prevenir agora, temos boas estratégias de prevenção, como evitar aglomerações e aumentar a vacinação. Prefiro tentar evitar ao máximo a morte de alguém”, acrescenta.

Na quinta-feira (9), a comissão do Recife terá um encontro virtual com representantes de outras cidades para discutir os cenários da pandemia em cada local. Os vereadores também pretendem ouvir nos próximos dias representantes do Cremepe (Conselho Regional de Medicina de Pernambuco). A associação já se posicionou publicamente em defesa do cancelamento das festas de Réveillon e de Carnaval em 2022.

Nos bastidores da prefeitura do Recife, interlocutores de Campos tratam como remota a possibilidade do Carnaval ser realizado em fevereiro no formato anterior à pandemia, com milhões de foliões nas ruas, como ocorre, por exemplo, no Galo da Madrugada, bloco que desfila no sábado no centro do Recife.

Dois organizadores de festas de Carnaval, que pediram para não ter seus nomes divulgados, afirmam que estão confiantes de que haverá liberação desse tipo de evento por parte do município.

Atualmente, um decreto do governo de Pernambuco libera a realização de eventos com até 7.500 pessoas com exigência do comprovante de vacinação. Mas a prefeitura ainda não decidiu se vai autorizar as festas privadas.

“Não entendo até que ponto podemos dizer que não haverá Carnaval na época do Carnaval, porque as festas fechadas estão vendendo ingressos. Acho confuso a prefeitura dizer que não vai fazer festa de rua no período e permitir que haja festas fechadas para 7.500 pessoas na mesma época. A prefeitura vai adiar o carnaval dos pobres?”, questiona o vereador Ivan Moraes (PSOL), de oposição.

O médico Ishigami considera que a realização de festas privadas também prejudica o combate à Covid.

“Acho muito complicado ter festas privadas desse porte, ainda mais com a possibilidade de chegada da variante ômicron no estado de Pernambuco”, afirma o médico.

“Não pode ser uma decisão de cima para baixo, com alguém alegando que festa privada vai funcionar e festa pública, não”.

Da redação do Portal com informações do Yahoo