Sob uma perspectiva de aquilombamento com o tema “Sou uma, mas não sou só” e abrindo o mês da Consciência Negra, ao saudar Exu pedindo proteção para abrir os caminhos, a tradicional Caminhada dos Terreiros de Pernambuco teve a sua 15ª edição na quarta-feira, 3 de novembro, com início no Marco Zero, no bairro do Recife.
Os deputados estaduais Teresa Leitão (PT) e João Paulo (PCdoB), além da vereadora do Recife Dani Portela (PSOL), receberam homenagens durante a caminhada.
A petista não pode receber o certificado da homenagem por conta de incompatibilidade de horário com outra agenda, mas Maria Helena recebeu das mãos de Edson Axé, um dos coordenadores.
Já a vereadora Dani Portela também celebrou em suas redes sociais a homengem.
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De acordo com o conselheiro religioso Pai Tarcísio de Ogìyán, da Rede Articulação da Caminhada de Terreiros de Pernambuco (ACTPE), que promoveu o evento, o tema desta edição não poderia ser outro que não o próprio contexto da pandemia, “que levou tantos dos nossos e do mundo inteiro”.
“Estamos aqui em representação ao luto de todos os outros, aos nossos ancestros que partiram e em gratidão ao Orixá, por podermos estar aqui para representá-los e continuar a luta daqueles que doaram sangue para que a gente pudesse estar aqui hoje”.
O ex-prefeito do Recife e atual deputado estadual João Paulo também recebeu a honraria, lembrando que esteve na caminhada desde a primeira edição, há 15 anos.
‘A ação é um chamamento para a comunhão entre pessoas e um basta contra o racismo e a intolerância religiosa – que tiveram um aumento estarrecedor no desgoverno Bolsonaro’, disse nas redes sociais.
Tendo o combate ao racismo e à intolerância religiosa como um dos lemas da Caminhada, Pai Tarcísio ressaltou que Deus está em todas as culturas.
“Inclusive na nossa. Ele pode ter outra nomenclatura. Pode ser, para nós, Olorum, Olódùmarè; para outros, Alá; para outros, Deus. Mas Deus é Deus, ele é o saber supremo, onisciente, presente e potente em todas as tradições, inclusive em matriz africana. O diabo não nos pertence. Nós não somos adoradores de demônio algum, ele não está conosco. Somos adoradores de Orixá, Inquice, Vodum”.
A Iaô do terreiro de Ogum Aladá Mejí, em Limoeiro, Pernambuco, Sara Inajara, pontuou a importância da caminhada como “uma luta de todo mundo junto” para quebrar o preconceito religioso.
“A Caminhada reúne todos os terreiros de Pernambuco no propósito de vencer o racismo, o preconceito religioso para que a gente possa cultivar nosso Orixá de forma mais livre e conscientizar as pessoas que não têm o conhecimento da nossa religião sobre o quanto ela é simples e linda de se ver. Temos que tirar essa visão demoníaca das pessoas em relação a nossa religião através de uma caminhada pacífica e bonita, louvando nossos Orixás durante todo o trajeto e mostrando a beleza da nossa tradição”.
Pai Darlan de Oyá Togun afirmou que o evento é para pedir respeito no dia a dia. “Para que possamos externar o que temos dentro do barracão. Temos que pôr para fora para que a sociedade tenha o conhecimento, conhecimento da fé e da razão que não é uma coisa satânica, temos a ancestralidade com muita fé”.
Da redação do Portal com informações do Diário de Pernambuco
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