Apuração

É falsa a informação que o MST destruiu casas populares em Santa Cruz do Capibaribe; entenda o caso

O ministro do Turismo, Gilson Machado Neto, publicou em suas redes sociais, no domingo, 17 de outubro, um vídeo afirmando que o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), um dos braços do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), invadiram o residencial Cruzeiro que fica localizado no município de Santa Cruz do Capibaribe, no agreste pernambucano, e depredaram, queimaram e danificaram o “patrimônio do povo”.

A informação analisada pela Agência Lupa foi confirmada que é falsa. Integrantes do MST não destruíram casas em Santa Cruz do Capibaribe. Entenda o caso:

Em agosto deste ano alguns imóveis em construção pelo programa Minha Casa Minha Vida, que foi substituído pelo Minha Casa Verde e Amarela, foram ocupados por pessoas que teriam sido tiradas da lista de beneficiários do incentivo habitacional. A Polícia Civil da cidade confirmou que não foi registrado nenhum envolvimento de integrantes do MST.

Em nota enviada por mensagem de WhatsApp, a assessoria do MST informou que não tem nenhuma área ocupada nesse município pernambucano.

“A direção do movimento nega qualquer envolvimento sobre o ocorrido, se trata de uma ‘fake news’ entre muitas outras que são criadas para criminalizar o MST”, diz o texto.

site local Merece Destaque noticiou essa ocupação no dia 29 de agosto. Na ocasião, pessoas que estavam na lista de contemplados para financiar o imóvel por meio do programa federal justificaram a invasão porque seus nomes tinham sido removidos da seleção de beneficiários.

Em setembro, o canal no Youtube, Slam & Balaiô Caruaru entrevistou pessoas envolvidas na ocupação. Num dos relatos, uma moradora da cidade explicou que a ação foi organizada em poucas horas. Ela também contou que se inscreveu três vezes no programa, que a obra estava atrasada há dois anos e que algumas casas já estavam se deteriorando, sem nenhuma menção de envolvimento com o MST.

Na época, a Caixa Econômica Federal se pronunciou a respeito das invasões e informou que a construção das 500 casas seria concluída até o final do ano. Também afirmou ter acionado autoridades competentes para que fossem adotadas medidas legais em relação às ocupações irregulares do residencial.

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Nota da Caixa:

“A CAIXA informa que o Residencial Cruzeiro, contratado no âmbito do Programa Minha Casa, Minha Vida Faixa I – FAR, localizado no município de Santa Cruz do Capibaribe (PE), teve suas unidades invadidas no último domingo (29/08).

O banco esclarece que a previsão da entrega das unidades ao beneficiários é dezembro de 2021 e que as obras estavam em ritmo esperado, conforme regras do Programa.

A CAIXA já acionou as autoridades competentes e está adotando as medidas legais cabíveis para que as obras sejam retomadas e as unidades possam ser direcionadas aos beneficiários indicados pela Prefeitura, de acordo com as regras do Programa”.

Por uma decisão da Justiça Federal de 23 de setembro, a Polícia Federal (PF) foi acionada para fazer a reintegração de posse em favor da Caixa Econômica Federal contra os ocupantes.

De acordo o delegado da PF Guilherme Figueiredo Silva, chefe em exercício da delegacia de Caruaru (comarca responsável pelas ocorrências de Santa Cruz do Capibaribe), as casas foram invadidas por moradores da região.

“Até o momento, não tem qualquer informação de que os participantes da ocupação sejam integrantes do MST ou do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto)”, afirmou, por telefone.

Uma semana antes da ocupação, a Prefeitura de Santa Cruz do Capibaribe divulgou uma nota oficial informando que havia discutido o prazo de entrega das casas com a Caixa. A prefeitura também informou que estava atualizando cadastros das pessoas contempladas e que havia reforçado a segurança do residencial para evitar invasões e depredações.