Julgamento

Ex-policial é condenado a 22 anos pelo assassinato de George Floyd

Um juiz do estado norte-americano de Minnesota condenou o ex-policial Derek Chauvin a 22 anos e meio de prisão, nesta sexta-feira (25), pelo assassinato de George Floyd durante uma prisão em maio de 2020 em uma calçada da cidade, cujo vídeo desencadeou protestos pelo mundo.

O júri considerou Chauvin, de 45 anos de idade, culpado de assassinato, em 20 de abril, após um julgamento que foi amplamente visto como um divisor de águas na história do policiamento dos Estados Unidos.

Os promotores haviam pedido uma pena de prisão de 30 anos, enquanto a defesa solicitou liberdade condicional.

Vídeo de Chauvin, que é branco, ajoelhado no pescoço de Floyd, um homem negro de 46 anos de idade algemado, por mais de 9 minutos causou indignação em todo o mundo e o maior movimento de protesto visto nos Estados Unidos em décadas.

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Artigo Sobre Racismo 

Uma importante bandeiras de luta para fomentar a convivência democrática é a luta contra o racismo. Mas vale tudo no combate a tal tipo de comportamento?

Há alguns dias (último 25 de maio) um homem negro morreu nas mãos de um policial branco nos Estados Unidos. Desde então, multidões tem ido às ruas protestar contra a forma cruel com que George Floyd foi assassinado.

Em muitos países homens e mulheres tem dado a impressão de que o mundo voltou ao estado de barbárie. Patrimônio público foi destruído, autoridades foram francamente hostilizadas e gente já saiu até mesmo machucada dos protestos.

Indago eu: que tipo de verdade é essa que, para ser dita, precisa aliar-se a tanta violência? Por que parece a tantos indivíduos que a destruição material e psicológica precisa irmanar-se ao senso de justiça?

A meu ver, o mundo deveria, sim, falar sobre o que houve com Floyd. Mas ninguém parece ter perguntado à família dele se ela se sente representada com a forma como se está lutando contra o racismo.

Ativistas do movimento negro, direta e indiretamente, se tem feito presente nessas manifestações. Há quem o faça com certa medida de inteleccão. No entanto, não há sinais de que esse tipo de liderança esteja fazendo diferença positiva nos ânimos dos protestantes.

Pessoas com verdadeiro senso de justiça não deveriam usar a injustiça como meio para um fim “justo”. Todavia, é exatamente isso que me parece acontecer.

Nos últimos dias já vi de tudo. Vi viaturas policiais destruídas, patrimônio público depredado e gente cuspindo em policiais. Mas também vi cristão brancos ajoelhados diante de famílias negras, implorando perdão pelo racismo predominante ao redor.

Por que nossos jovens falam tão fluentemente o idioma do ódio? Por que parecem tolhidos da capacidade de discernimento para saber como combater o que combatem?

Ao contrário do que tanta gente pensa, o bem não é apenas mais forte do que o mal. É também mais antigo. Além do mais, a cólera tem poder de explosão. A benignidade, todavia, de implosão.

O mundo precisa reaprender a fazer o bem. “Mas como ouvirão, se não há quem pregue?”. A frase é bíblica, mas, em nosso contexto, acho bem válida a aplicabilidade.

Jovens inteligentes já ficaram calados tempo demais. O planeta precisa que aqueles que pelejam pelo bem ergam a voz e “preguem” a seus iguais. Lá fora existem seres humanos que precisam causar implosão num sistema cheio de equívocos raciais (bem como, de outras ordens).

Explosões despedaçarão objetos, reputações e aumentarão o ibope de meios de comunicação. Implosões mudarão a mente de pessoas e lhes darão ferramentas adequadas para mudar a realidade “pelo lado de dentro”.

Não é na força do grito que se faz uma sociedade melhor. O brado aguerrido assusta, fere, mas não transfigura realidades.

É preciso que as pessoas que lutam pelo que é justo, lutem para ganhar, e não, para dar a impressão de que ganharam. Mas por enquanto, parece-me que as contestações em torno da morte de George Floyd estão apenas dando socos ao vento. E isso, literal, mas também, figuradamente.

Por: Sayonara Andrade