Opinião

"Brasil não aguenta mais um impeachment", diz presidente do STF

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, afirmou ser contrário ao impeachment do presidente da República, Jair Bolsonaro, durante entrevista ao Estadão.

Fux afirmou que o Brasil não aguentaria mais um processo como esse, o que caso acontecesse, seria para ele “um desastre”.

“Em uma pós-pandemia, em que o país precisa se reerguer economicamente, atrair investidores e consolidar a nossa democracia, eu acho que seria um desastre”, disse o presidente do Supremo Tribunal Federal.

Fux ainda concluiu afirmando que o Brasil não “aguentaria” viver seu terceiro impeachment na nova democracia.

“O Brasil não aguenta três impeachments.”

O presidente do STF lembrou dos outros dois impeachments recentes que retiraram o comando do país de dois ex-presidentes.

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Impeachment de Collor 

O primeiro foi o impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello em 1992. Acusado de envolvimento em corrupção e fraudes financeiras, houve grande agitação nas ruas com o movimento dos Caras Pintadas. O Senado votou pela sua destituição do governo, por 76 votos a favor e 3 contra.

Durante a campanha, Collor se destacava por ser jovem, propor o combate à corrupção e aos marajás. No entanto, quando tomou posse, instituiu o Plano Collor e confiscou depósitos bancários que ultrapassassem a quantia de 50 mil cruzeiros.

O intuito era controlar a inflação, mas o plano não foi bem-sucedido e houve fechamento de empresas e aumento do desemprego.

Impeachment de Dilma

O impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff ocorreu em agosto de 2016. A petista foi afastada pelo Senado sob acusação de crime de responsabilidade fiscal.

Os autores do pedido de afastamento de Dilma Rousseff alegaram que ela maquiou as contas públicas e desrespeitou a lei orçamentária durante a campanha eleitoral. O objetivo seria dar uma falsa sensação de segurança à economia e garantir a reeleição em 2014.

As manobras foram batizadas de “pedaladas fiscais” em uma alusão à atividade física preferida da política. Ela costumava andar de bicicleta nas horas de folga. E a palavra “pedalar” usada de maneira vulgar quer dizer “enganar”.

Em 31 de agosto ocorreu o afastamento definitivo de Dilma com 61 senadores votando a favor da saída e 20 pela manutenção do mandato. A ex-presidente não perdeu os direitos políticos, podendo voltar a concorrer a cargos eletivos.