Recusa

Dilma diz não a Doria sobre convite para ser vacinada antecipadamente

Dilma Rousseff (PT), ex-presidente do Brasil, recusou o convite do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), para tomar a vacina contra a Covid-19 produzida pelo Instituto Butantan com a farmacêutica chinesa Sinovac, a Coronavac.

Doria convidou todos os ex-presidentes desde a redemocratização (1988) para a imunização antecipada, com exceção do atual mandatário, Jair Bolsonaro (sem partido).

Dilma foi convidada para ser vacinada no dia 25 de janeiro, em Porto Alegre (RS), onde mora. Em nota, a petista agradeceu o convite, mas disse ter o dever de recusá-lo, “por razões éticas e de justiça”.

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A ex-presidente defendeu que seja respeitado o Plano Nacional de Imunização, que, neste momento, prevê a vacinação dos trabalhadores da área da saúde que estão na linha de frente da luta contra a Covid-19, além dos idosos que vivem em asilos e do grupo de idosos brasileiros mais expostos ao risco de adoecer gravemente ou morrer.

“O Plano Nacional de Vacinação deve ser respeitado e, se é certo que a vacinação já começou, não há montante de vacinas disponível para que eu, agora, seja beneficiada. É inaceitável ‘furar a fila’, que deve ser estritamente respeitada por todos os brasileiros.”

Confira a nota completa de Dilma:

Recebi o convite do governador de São Paulo para ser vacinada com a Coronavac no dia 25 de janeiro, em Porto Alegre. Agradeço, mas diante das circunstâncias tenho o dever de recusar a oferta, por razões éticas e de justiça. O Plano Nacional de Vacinação deve ser respeitado e, se é certo que a vacinação já começou, não há montante de vacinas disponível para que eu, agora, seja beneficiada. É inaceitável “furar a fila”, que deve ser estritamente respeitada por todos os brasileiros. Neste momento, considero imprescíndivel que sejam atendidos, de acordo com o Plano, primeiramente os trabalhadores da área da saúde que estão na linha de frente da luta contra a Covid19, além dos idosos que vivem em asilos e o grupo de idosos brasileiros mais expostos ao risco de adoecer gravemente ou morrer. Aguardarei pacientemente a minha vez e quero adiantar que já estou com o braço estendido para receber a Coronavac.

Faço questão de prestar tributo à contribuição do SUS, do Butantan e da Fiocruz, que são tão importantes e estratégicos para a saúde pública no Brasil e para o desenvolvimento das vacinas. Denuncio todos aqueles que, ao longo dos últimos anos, tentaram destruí-los, seja por restrição de recursos orçamentários, seja por visão preconceituosa, como ficou claro na saída dos médicos cubanos, seja por defender propostas privatistas.

Enalteço o trabalho dedicado dos epidemiologistas, biólogos, infectologistas, pesquisadores e servidores do sistema SUS, em especial da Fiocruz e do Butantan, cuja qualidade é reconhecida internacionalmente. Estendo estas homenagens e agradecimentos a todos os que se dedicam a combater esta pandemia que, por desleixo e desuminadade do governo federal, já roubou a vida de mais de 210 mil pessoas e está matando brasileiros até mesmo por falta de oxigênio. Por fim, reconheço e saúdo a solidariedade e a atitude humanitária do governo chinês, que proporcionou a parceria entre o Estado São Paulo/Butantan e o laboratório Sinovac para a importação e a fabricação das vacinas em nosso país. É uma vitória da cooperação entre os povos e da ciência e uma derrota do negacionismo.

DILMA ROUSSEFF