Empreendedorismo

Primeira exportação brasileira de frutas à China está prestes a acontecer

A CCDIBC (Câmara de Comércio de Desenvolvimento Internacional Brasil – China), em parceria com a ABRAFRUTAS (Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados), se aproxima de viabilizar a primeira exportação brasileira de frutas com destino à China, facultado pelo pioneirismo e pela qualidade da Agropecuária Vita+ e a assessoria da R2MD, empresa de Consultoria pernambucana, situada no Recife.

Tudo isso, resultado da crença, do trabalho e da perseverança de dois pernambucanos, ambos Rafael, que se atreveram e ousaram sonhar em realizar uma grande negociação com a China, que ocorre pela 1ª vez no Brasil.

  • O Começo de Tudo

Esta conquista de exportação foi fruto do amadurecimento de uma ideia que se iniciou no ano passado, quando dois amigos e sócios, Rafael Martins e Rafael Daher, decidiram buscar produtores para realizarem exportações para a China.

Iniciaram essa varredura por Pernambuco, realizando viagens de pesquisas a Limoeiro, Macaparana, Inajá, Petrolina e outros municípios, mantendo contatos com produtores de bananas, de goiabas e de outras frutas.

Com a ideia tomando corpo, materializando-se e mostrando cada vez mais oportunidades, os sócios resolveram ir a São Paulo, a fim de manter contatos com a CCDIBC.

Na Capital paulista, eles tiveram a oportunidade de se encontrar e manter conversações com Fábio Hu, o presidente da Câmara, e Ulisses Vega, diretor institucional. Estes, viram ali a perspectiva de colocar não só Pernambuco, mas várias outras cidades do Nordeste, nessas negociações e, incontinenti, nomeou os sócios agentes da CCDIBC.

Primeira exportação brasileira de frutas à China esta prestes a acontecer
Remessa de degustação de melões enviadas de Pernambuco para China. Foto: Divulgação.

Naquele momento foi oficializada a parceria e os dois empresários nordestinos começaram a fazer prospecções de mais profissionais, já como representantes oficiais da Câmara, com o intuito de descortinarem mais oportunidades.

Para tanto, foi fundamental a aproximação com a Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados – Abrafrutas, que se localiza em Brasília (DF) e tem, desde abril deste ano, o ex-prefeito de Petrolina, Guilherme Coelho, como presidente.

Em se tratando de uma associação criada em 2014, que conta com mais de 70 associados produtores exportadores de frutas e detém aproximadamente 85% do volume total das frutas frescas exportadas pelo Brasil, essa aproximação só poderia trazer, literalmente, bons frutos.

  • Resultado do trabalho

Com esse facilitador e, após várias tratativas, visitas e negociações com as autoridades e órgãos fitossanitários chineses, conduzidas pela Abrafrutas, foi possível obter a autorização de exportação cuja previsão, inicialmente, é de um volume de carga de potencial de 1.000 a 1.800 containers/mês.

Esta força-tarefa foi reforçada ainda no final de 2019, com a experiência e a credibilidade da CCDIBC, que acreditou na qualidade e no potencial exportador da fruticultura brasileira, se integrou e se entregou firmemente no sentido de viabilizar e acelerar os trâmites burocráticos de registro de empresas exportadoras brasileiras na China, além de atuar diretamente na prospecção de importadores e intermediar as negociações.

O melão será a primeira fruta cultivada em solo brasileiro a ganhar o mercado chinês, o que com certeza promoverá outras aberturas de comercialização com o maior consumidor mundial não só de melão, mas de frutas em geral, e trará consigo a possibilidade de exportação de outras, como o abacate e a uva, num futuro imediato.

Os melões, objetos dessa 1ª exportação, são oriundos da produção da Vita +, empresa genuinamente brasileira, originária de Mossoró (RN), com produtores filhos da terra e considerada uma fazenda-modelo que teve seus produtos liberados pelo protocolo da mosca-das-frutas, após a visita de fiscalização dos chineses, que realizaram todos os procedimentos para disponibilizar essa liberação.

A mosca-das-frutas é uma das principais pragas na fruticultura mundial. No Brasil, as mais importantes compreendem várias espécies do gênero Anastrepha e a Ceratitis capitata, que causam danos diretos na produção de frutos, já que as larvas se alimentam da polpa, deixando-os inviáveis tanto para o consumo “in natura” como para industrialização.

O protocolo da mosca-da-fruta é obtido após constatadas todas as medidas executadas com a implantação do controle da praga, geralmente através de sistemas de contenções orgânicas com alternativas ecológicas.

A concretização dessa megaoperação já está prestes a acontecer, já tendo sido dado o start dos trâmites iniciais. Tanto que, na última terça-feira, dia 15 de setembro, ocorreu no Aeroporto Internacional do Recife, o 1º embarque de melões, que estão seguindo para que sejam efetuadas degustações pelos potenciais clientes chineses, como explica o gerente-geral da Pac Log Logística Aeroportuária – Terminal Recife, Flaudemir Ferreira Patrício:

“A nossa empresa, nesse processo, é a responsável pelas operações necessárias para o embarque internacional. Somos nós que recebemos os produtos, efetivamos a liberação junto à Receita Federal e ao Ministério da Agricultura. Enquanto são realizadas essas operações burocráticas, nosso pessoal efetua a conferência, a pesagem, a paletização, o carregamento nos equipamentos próprios, e o consequente embarque nas aeronaves. Esse 1º embarque é apenas uma pequena quantidade e está sendo feito através de um cargueiro da Lufthansa, mas poderemos fazer embarques também através da TAP”, explica Flaudemir.

Com previsão de um contrato inicial com prazo de 5 anos, com embarques em torno de 1 mil containers por mês, cada container irá transportar o valor de U$ 24.500 em frutas, isso representará uma estimativa de exportação de melões no valor mensal de U$ 24.500.000.

Esta é a 1ª vez que se realiza uma venda de frutas do Brasil para a China por uma empresa 100% brasileira.

Rafael Daher, um dos sócios da R2MD, complementa as explicações de Flaudemir, com mais detalhes: “Além de ser a 1ª exportação oficial de frutas para a China, esse trabalho da R2MD vai servir para incrementar o saldo favorável da balança comercial das relações Brasil-China, ampliando a geração de emprego e renda no semiárido potiguar, uma região carente, que será beneficiada com isso, além de gerar a ampliação do superávit da balança comercial. Ficamos felizes de estarmos contribuindo com isso. Se a região der um passo à frente, nós avançaremos juntos, pois somos o Nordeste, somos o Brasil”.

O outro sócio da R2MD, Rafael Martins, diz sentir-se recompensado. Segundo ele, a expectativa do início dessa megaoperação gerou muita ansiedade em todos envolvidos.

“Mais uma etapa vencida. Viemos pessoalmente acompanhar o embarque dessas amostras de melão no Aeroporto Internacional do Recife, totalmente credenciada e revisada pelo Ministério da Agricultura. Desta vez, as frutas estão sendo encaminhadas para degustação, mas a próxima etapa será o embarque oficial das frutas em meados de janeiro. Vale ressaltar que nunca entrou uma fruta oficial na China, este é um marco muito importante na história não só do Brasil como também da própria China. Tenho certeza de que o povo chinês vai apreciar e saborear este melão fantástico e muito saboroso da Agropecuária Vita+, nosso parceiro. Mais uma realização do trabalho da R2MD de Pernambuco, que muito nos honra e envaidece. E não podemos esquecer nem deixar de ser gratos a Fábio Hu, presidente da Câmara de Comércio de Desenvolvimento Internacional Brasil-China (CCDIBC) e Ulisses Vega, o diretor institucional, que acreditaram em nós e muito contribuíram para que, agora, estejamos vivendo este grande momento”, ressaltou Martins.

Fábio Hu nasceu na Cidade de Qintian, província de Zhejiang China. Em 1982 Chegou ao Brasil, pais que adotou como pátria. Em 2002, atendendo a uma recomendação do Governo Chinês e com o apoio de importantes autoridades chinesas ligadas ao comércio internacional, funda a Câmara de Comércio de Desenvolvimento Internacional Brasil – China (CCDIBC), entidade que preside até hoje.

A CCDIBC atua como plataforma de negócios e ponte de amizade e intercâmbio cultural entre Brasil e China. Fabio Hu é agraciado com o título de Doutor em Filosofia da Educação e Membro Permanente do Conselho da Consejo Iberoamericano em Honor a La Calidad de La Educación, é Chanceler da Sociedade Brasileira de Arte Cultura e ensino, é conselheiro da Federação dos Imigrantes Chineses e membro do Conselho Parlamentar Federal.

Na China, Fábio Hu é Membro do Conselho Parlamentar Federal do Partido Comunista Chinês.