Quem fala em Nome de Deus na Política?
Muitas vezes somos vulneráveis à malícia de loucos, ignorantes e hipócritas. É preciso sair do alcance de negociadores políticos da Fé alheia.
Nesta semana uma imagem em uma rede social me surpreendeu. Era manifestação a favor do aborto de um grupo de senhoras (que se diziam) católicas. Lá havia um cartaz curioso. Dizia-se ali que até mesmo Deus teve que perguntar a Maria se ela queria, ou não, ser a mãe de Jesus Cristo.
O raciocínio me fez imaginar a mãe de Cristo, irritada, olhando para o céu com o dedo em riste e dizendo: “meu corpo, minhas regras!”. Cheguei a rir.
A heresia é obvia. Basta uma rápida lida nos evangelhos para saber que Maria sentiu-se honrada em saber que ficaria grávida do Salvador. Um pouco mais de conhecimento teológico também mostraria a qualquer interessado que era um sonho para qualquer mulher judia da época ser a mãe do Messias Prometido.
Para o desespero de muita gente, a Bíblia não justifica o aborto em nenhuma de suas páginas. Tem quem seja contra e há que seja favorável a essa interrupção da gravidez. Complicada se torna a questão quando alguém põe o Cristianismo no meio disso.
Não poucos usam a religião judaico-cristã como palanque social no Brasil e no mundo. A maioria, infelizmente, fala o que bem entende, e não, o que o Evangelho ensina.
Estamos num ano eleitoral atípico, especialmente por causa do coronavírus. Creio que, mais que nunca, vozes conhecidas serão convidadas a dar credibilidade a certos candidatos.
Também a voz de líderes religiosos será evocada. Nos últimos anos houve um forte ressurgimento da Direita, e essa é uma das fundamentações de tal chamado, a meu ver.
Quando chegar mais perto das eleições, certamente veremos com mais intensidade muita gente exercendo o oportunismo religioso, principalmente nas redes sociais. Entre tais indivíduos, contudo, vozes sóbrias e éticas se farão ouvir para apoiar seus pares.
É preciso esforço consciente para que sejamos eleitores muito mais perspicazes neste ano de 2020. Nossas crenças religiosas não devem mais ser usada com tanto êxito contra nós.
É necessário que deixemos de ser tão vulneráveis à malícia de loucos, ignorantes e hipócritas que se dizem ser cristãos como nós. Precisamos, mais que nunca, identificar os maus e sair do alcance desses verdadeiros negociadores políticos da Fé alheia.
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