Live

Lula: “Até hoje a escravidão está presente na alma da elite branca”

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva lamentou que o país enfrente de maneira dissimulada a questão do racismo, estruturado na sociedade brasileira desde o descobrimento do país, em 1.500 e que sobrevive hoje, mesmo depois de 132 anos da abolição da escravidão.

“É preciso contar a nossa história para tentar explicar porque até hoje o Brasil não conseguiu superar o preconceito racial”, alerta Lula.

“Até hoje a escravidão está presente na alma da elite branca, que ainda trata as pessoas com desrespeito de maneira indigna. Isso marca os 350 anos de escravidão no nosso país”, disse o ex-presidente da República.

Ele lembrou que o Brasil foi o último país das Américas a banir a escravidão, mas até hoje muitos trabalhadores no país vivem em condições de trabalho análogo à escravidão, o que demonstra as imensas dificuldades da maioria do povo brasileiro.

Lula se recordou do pedido de desculpas que fez aos povos africanos, quando esteve, em abril de 2005 na Ilha de Gorée, na costa do Senegal, onde africanos escravizados eram transportados para a América. Foi o primeiro presidente do Brasil a pedir “perdão pelo que fizemos aos negros”.

“A política que fizemos no meu governo era de solidariedade para contribuir com o desenvolvimento dos nossos povos”, disse.

Lula fez os comentários ao participar de um debate promovido sobre os 10 anos da sanção do Estatuto da Igualdade Racial, ocorrido em 20 de julho de 2010, quando ele estava à frente do governo federal. Junto com o ex-presidente, participaram do debate, transmitido pelo YouTube e as redes sociais, o senador Paulo Paim (PT-RS), relator do projeto no Senado e autor da lei, e os ex-ministros da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro, Edson Santos, Elói Ferreira e Nilma Lino. Também participou o secretário Nacional de Combate ao Racismo do PT, Martvs Chagas.