Opinião

Sergio Moro sobre Bolsonaro e Lula: “dois extremos que devem ser evitados”

O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro afirmou que o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva representam “dois extremos a se evitar” no Brasil, embora o ex-juiz tenha afirmado, em entrevista à AFP, que não pensa nas eleições de 2022.

Moro renunciou à magistratura em 2019, para se tornar ministro de Bolsonaro e dar continuidade à cruzada contra a corrupção iniciada com a Operação Lava Jato. Em abril, deixou o governo, acusando Bolsonaro de tentar interferir em investigações da Polícia Federal.

“Minha intenção não foi prejudicar o governo, foi, especialmente, esclarecer por que eu estava saindo (…) Após o início da pandemia, começou a haver uma certa crise de credibilidade do governo, na minha opinião, e uma tensão crescente com os outros poderes: o Supremo Tribunal Federal e o Congresso. Minha saída entra nesse contexto, mas é apenas uma parte, não me sinto responsável (pela crise)”, disse Moro.

Ao ser questionado se o presidente Jair Bolsonaro quebrou a promessa de combate a corrupção, Moro disse que “não tanto”.

“Quando eu estava no ministério, “conseguimos avançar principalmente no combate à criminalidade violenta e ao crime organizado, mas em relação à corrupção, não tanto. Um dos problemas, na minha opinião – e com todo o respeito – foi uma falta de apoio maior da parte do Palácio do Planalto”, revelou.

Sobre as semelhanças entre Lula e Bolsonaro, o ex-ministro afirmou que “são dois extremos que devem ser evitados”.

“Ambos têm um caráter um tanto populista na formulação das políticas publicas, com a diferença de que o presidente Bolsonaro seria um populista de direita e Lula, de esquerda (….) De certa maneira, são dois extremos, na minha opinião respeitosa, que devem ser evitados”, disse.